A Bahema SA, companhia de investimentos controlada pela família Affonso Ferreira, está comprando participações na Escola Parque, do Rio, e na Escola da Vila, de São Paulo, além de manter conversas com a Escola Balão Vermelho, de Belo Horizonte, com vistas a uma aquisição.
 
Os dois investimentos anunciados hoje somam R$ 42 milhões e são parte do plano da Bahema de entrar no mercado de educação básica.
 
As três escolas são conhecidas em suas cidades por um projeto pedagógico construtivista, que privilegia a formação de pensamento crítico, leva os temas da atualidade para dentro da sala de aula, e se mostra sensível às mudanças de metodologia de ensino em curso no mundo todo.
 
Trata-se de um modelo diferente, por exemplo, das escolas do empresário Chaim Zaher e da Eleva Educação, investida de Jorge Paulo Lemann, cujos negócios são baseados em sistemas de ensino, mais homogêneos e escaláveis.
 
A Bahema está comprando 5% da Escola Parque por R$ 7,7 milhões, com uma opção de compra dos 95% restantes depois de três anos. A Escola Parque foi fundada por Patricia Konder Lins e Silva, filha do jurista Evandro Lins e Silva, já falecido. O nome Escola Parque foi inspirado no sistema educacional desenvolvido nos anos 30 pelo educador Anísio Teixeira, que propunha o desenvolvimento completo do aluno com base numa visão holística da educação.
 
Na Escola da Vila, a Bahema está comprando 80% do capital por R$ 34 milhões — parte à vista, parte em parcelas, e parte envolvendo um ‘earnout’ (o valor varia com o resultado da empresa). A Escola da Vila é nacionalmente conhecida por seu centro de formação de professores, e tem como acionista principal a educadora Sonia Barreiro.

No caso da Balão Vermelho, a Bahema deve adquirir uma participação minoritária com uma opção de compra do restante do capital, e planeja levar a escola — hoje apenas no ensino fundamental — a ingressar também no ensino médio.
 
Juntas, as duas primeiras escolas têm cerca de 5.300 alunos; a Balão Vermelho tem outros 700. A receita combinada das três escolas ultrapassou R$ 130 milhões em 2016. 
 
A Bahema disse que as escolas “formarão uma sólida parceria com o objetivo maior de fortalecer projetos pedagógicos que valorizam a autonomia, cooperação e pensamento crítico dos seus estudantes. Nesta parceria, as escolas sistematizarão trocas de experiências, projetos de intercâmbio, atividades formativas e outras iniciativas que reafirmam o exercício de uma educação crítica, e permitem compartilhar métodos de gestão administrativa.”
A Bahema fará um aumento de capital de até R$ 35 milhões para continuar prospectando o mercado.
 
A família Affonso Ferreira controla a Bahema com cerca de 57,5% do capital.  A Funcef, o fundo de pensão da Caixa, é outro acionista histórico, com 20% do capital.  Apesar de 22,5% do capital estarem nas mãos de outros investidores, a ação negocia muito pouco.  A Bahema vale R$ 18,4 milhões na Bovespa, e tinha, até agora, quase R$ 30 milhões em caixa líquido.