Em seu primeiro resultado depois do IPO, a Dotz começou a dar sinais de que está tendo sucesso em sua estratégia de aumentar a monetização de seus 50 milhões de clientes — a principal promessa da companhia durante o roadshow.
A fintech que começou como programa de fidelidade aumentou o GMV de seu marketplace em 70% no segundo trimestre na comparação anual, e “em agosto o crescimento está acelerando ainda mais, chegando a 98%,” o CEO Roberto Chade disse ao Brazil Journal.
O TPV — os gastos dos 184 mil clientes dos cartões co-branded da empresa — subiu 49%, batendo R$ 1,1 bi nos últimos 12 meses.
Com o avanço, as verticais de marketplace e serviços financeiros (que a empresa chama de ‘techfin’) agora respondem por 17% do faturamento, em comparação a 12% um ano atrás.
A Dotz também viu os downloads de seu app aumentarem 10x, para 1,5 milhão, e os cadastros na conta digital escalarem 8x para 600 mil.
“O grande diferencial da Dotz é nosso ecossistema online e offline que gera clientes, muitos dados, e possibilita essa monetização serial,” disse o CEO.
Na prática, como todas as carteiras digitais, a Dotz está tentando aumentar o engajamento de seus clientes e a receita que cada um deles gera para a plataforma.
Segundo Roberto, a maioria dos clientes ainda usa apenas o serviço de loyalty (que gera uma receita média por usuário de R$ 14 por ano) e os cartões de crédito que acumulam pontos Dotz (que aumentam essa receita por usuário para cerca de R$ 70/ano).
Quando o cliente começa a usar também o marketplace e a parte de serviços financeiros — hoje, essencialmente, os cartões co-branded e o empréstimo pessoal — essa receita por usuário atinge o ‘sweet spot’ de R$ 335/ano.
A Dotz pretende começar a oferecer seguros na plataforma ainda este ano, e investimentos a partir do ano que vem, aumentando suas avenidas de monetização.
Roberto diz que tem feito reuniões frequentes com a Ant Financial — que comprou 5% da Dotz pouco antes do IPO e está ajudando na construção dos produtos financeiros ligados a crédito, bem como no desenvolvimento da wallet da Dotz, lançada há alguns meses.
“Uma das grandes provocações que a Ant fez pra gente é que precisamos criar o ‘killer use case’… aquilo que vai fazer o cliente usar a carteira,” disse ele. “No nosso caso, o killer case foi permitir que o cliente troque seus pontos Dotz por dinheiro.”
No segundo trimestre, 30% dos resgates de pontos já foram nessa modalidade.
Agora, Roberto quer começar a usar os R$ 400 milhões que levantou no IPO para acelerar essa estratégia. Segundo ele, uma das possibilidades é fazer pequenos M&As de empresas que complementam o negócio atual e possam ser plugadas ao ecossistema.
Outra possibilidade é comprar concorrentes. “Achamos que vai ter uma consolidação nesse mundo de wallets e temos a ambição de ser um grande consolidador,” disse ele.
Os resultados de hoje vêm num momento em que a ação da Dotz negocia 20% abaixo do preço do IPO.
A empresa negocia a um múltiplo EV/sales de 4x para este ano, em comparação a cerca de 15x do Méliuz, seu peer mais próximo na B3.