O BTG Pactual escolheu a clássica música do Simple Minds para ilustrar o momento por que passa a Cosan: sim, a empresa vem se tornando cada vez mais complexa de ser analisada e aumentou bastante o seu endividamento, mas um ponto de inflexão está chegando.

E isso pode fazer o preço da ação da holding de Rubens Ometto praticamente dobrar para R$ 30, o preço-alvo do banco.

Então, não se esqueça dela, escrevem os analistas Thiago Duarte, Pedro Soares e Henrique Brustolin, notando que o próximo ciclo de queda dos juros vai impactar diretamente o balanço da Cosan.

“As ações sensíveis à taxa de juros começaram a ter um bom desempenho. Achamos que também chegou a hora da Cosan,” escreveram os analistas.

Com um último ciclo forte de investimentos, o endividamento da Cosan, que era de R$ 17,5 bilhões em 2020, vai bater R$ 33 bilhões no fim deste ano, nas contas do BTG.

Esses números preocuparam parte do mercado, especialmente após os R$ 17 bilhões alocados na participação na Vale.

O BTG, no entanto, se diz confortável por causa da negociação que a Cosan fez com os credores para o negócio com a mineradora: eles só recebem quando Compass, Raízen e Vale pagam dividendos.

Quando isso não acontece, os juros simplesmente acumulam. “Do jeito que vemos, isso afeta o patrimônio líquido, mas não representa ameaça ao fluxo de caixa,” escreveram os analistas.

E este ano, com a redução do custo de capital, a Cosan deve começar a desalavancar, chegando a 1,9x em 2023 e 1,6x no ano que vem – o que vai ajudar o mercado a precificar seus ativos de maneira menos pessimista, diz o BTG.

Um caso é a Compass. Os analistas veem que a empresa avançou muito desde a última capitalização privada – que avaliou a holding de gás em R$ 18,8 bilhões – com as aquisições da Sulgás e da Gaspetro.

O banco vê a Compass com um EBITDA anualizado de R$ 4,4 bilhões e alavancagem de 1x, mesmo após esses movimentos.

Para completar, a Moove e a Radar são joias esquecidas pelo mercado na visão do BTG.

Enquanto a empresa de lubrificantes segue em crescimento acelerado – avaliada em R$ 5,5 bilhões pelo banco – a Radar já tem um portfólio de terras de 318 mil hectares, que o banco avalia em R$ 4,2 bilhões.

A ação sobe 6,5% por volta do meio-dia, outperformando um mercado em alta. Com o papel a R$ 16,34, a Cosan agora vale R$ 30,7 bilhões.