A International Exchange (ICE), controladora da New York Stock Exchange, está investindo US$ 2 bilhões na Polymarket, a maior plataforma mundial dos chamados “mercados preditivos” – que permitem apostas em virtualmente qualquer coisa, do número do PIB ao próximo Presidente, passando pelo jogo do Corinthians.
A ICE está ficando com 20% da companhia, avaliada em US$ 8 bi pre-money. Além de fazer o cheque, a ICE se tornará um parceiro comercial da plataforma, distribuindo globalmente seus produtos. Ambas também vão trabalhar conjuntamente em projetos de tokenização.
“Nossa parceria com a ICE marca um passo importante para levar os mercados preditivos para o mainstream das finanças,” disse Shayne Coplan, o fundador e CEO da Polymarket.
O negócio demonstra como uma atividade controversa até bem pouco tempo atrás está sendo incorporada ao dia a dia dos mercados.
A Polymarket foi fundada cinco anos atrás em Nova York. Mas em 2022, foi obrigada a encerrar suas operações nos EUA como parte de um acordo com a Commodity Futures Trading Commission (CFTC). A plataforma foi acusada de operar um mercado ilegal de apostas. A companhia, entretanto, continuou funcionando como offshore.
A Polymarket – que tem concorrentes como a Kalshi e a Crypto.com – usa a infraestrutura da blockchain Polygon para liquidar pagamentos, e suas transações são feitas em USDC, uma das stablecoins atreladas ao dólar.
O Departamento de Justiça e a CFTC chegaram a abrir uma investigação sobre a Polymarket pouco depois da vitória de Donald Trump em 2024, sob a suspeita de o site ter facilitado apostas de pessoas residentes nos EUA.
Mas a repressão dos anos Biden ficou no retrovisor, e o inquérito foi arquivado. Em julho, a Polymarket comprou a bolsa de derivativos QCX, sediada na Flórida, e sua câmara de compensação, a QC Clearing, por US$ 112 milhões. O investimento abriu uma porta para ela operar legalmente nos EUA.
Logo em seguida, em agosto, Donald Trump Jr. ingressou no conselho da startup, depois de ter colocado dinheiro na startup por meio de um aporte de seu fundo de VC, o 1789 Capital.
Agora, associada à ICE, a Polymarket deverá popularizar internacionalmente a plataforma e, segundo Coplan, dar um “passo monumental” para as finanças descentralizadas (DeFi).
“No início da pandemia, eu literalmente não tinha nada a perder: 21 anos, ficando sem dinheiro, mais de dois anos depois de ter largado os estudos e nada para mostrar,” Coplan escreveu num post no X. “Mas eu sabia que estávamos entrando em uma era em que os meios de encontrar a verdade seriam mais importantes do que nunca, e a Polymarket poderia desempenhar um papel crucial nisso.”
Nova-iorquino crescido no Upper West Side, Coplan estudou computação na NYU mas não concluiu a faculdade.
Jeffrey Sprecher, o CEO da ICE, disse que vê oportunidades em diversos mercados. “Estamos entusiasmados em saber até onde esse investimento pode nos levar.”
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