O Grupo SBF acaba de reportar um resultado com um same-store sales acima das expectativas nas lojas da Centauro – mas com uma queda na receita da Fisia, a operação da Nike no Brasil.

Enquanto o SSS da Centauro subiu 13,2% no primeiro tri – ante um crescimento de 5% um ano antes – as lojas da Nike venderam 1,2% menos no período. 

Além disso, a vertical de atacado da Fisia sofreu uma redução de 17,7% na comparação ano contra ano. 

Com isso, a receita líquida da Fisia caiu 5,9% no tri – enquanto a da Centauro subiu 11,2%. 

Segundo o CEO Gustavo Furtado, a queda nas vendas da Nike se deu por conta da base comparativa poluída do primeiro tri do ano passado, em que a empresa teve que realizar vários markdowns por causa do nível de estoque elevado. 

“Agora não temos mais problemas com estoques e, mesmo com a queda nas vendas, a Fisia teve um aumento na margem bruta, mostrando a nossa preocupação com a rentabilidade,” Furtado disse ao Brazil Journal.

Gustavo Furtado ok

A receita líquida do Grupo SBF subiu 4% no primeiro tri para R$ 1,55 bilhão, em linha com o consenso. 

Já os resultados negativos da Fisia impactaram o EBITDA ajustado do grupo, que caiu 9,2% para R$ 144,4 milhões, um pouco abaixo do consenso do sellside, que esperava R$ 149 milhões. 

A margem EBITDA, por sua vez, caiu 1,3 ponto em um ano e fechou o trimestre em 9,3%. 

Ao mesmo tempo, o lucro líquido subiu acima do que o mercado esperava devido à melhora dos resultados financeiros. O bottom line chegou a R$ 74,2 milhões, uma alta de 40,6%, enquanto o consenso era de R$ 56 milhões. 

Um fator que ajudou o aumento do SSS foi o crescimento do ticket médio. Segundo Furtado, desde o ano passado a empresa vem estimulando os vendedores com maiores comissões de acordo com a quantidade de produtos vendidos. “Se vender um tênis, ofereça uma meia.” Mas não só isso, segundo Furtado.

O executivo disse que se um cliente vai à loja procurar por um tênis em específico, o vendedor já traz mais opções (geralmente mais caras) de acordo com o objetivo do consumidor. 

Depois o vendedor encaminha o cliente para um outro funcionário fazer o checkout – que antes de finalizar a compra vai apresentar as melhores promoções da loja.

“Isso maximizou as vendas das nossas lojas físicas. Além disso, melhoramos a navegação em nosso site, o que melhorou os resultados de vendas no digital,” disse o CEO. 

No caso da Fisia, Furtado diz que o pior já passou, em especial na relação com os atacadistas. Como houve muitas promoções de Nike no ano passado, muitos clientes da Fisia diminuíram as aquisições de calçados. 

“Diminuímos o nível de desconto e passamos a trabalhar no full price nas nossas lojas, e isso deu confiança para os atacadistas comprarem – e já conseguimos ver isso nas ordens de venda para o segundo semestre,” disse Furtado. 

A varejista seguiu com seu plano de desalavancagem e de aumento da rentabilidade no primeiro trimestre. O resultado foi uma redução de 44,9% na dívida líquida para R$ 464,7 milhões. No período, a alavancagem do Grupo SBF chegou a 0,61x, ante 1,33x no primeiro tri do ano passado.

Com o balanço equacionado, a empresa vai retomar a agenda de expansão. O CFO José Luiz Salazar disse que o número de aberturas deve acelerar neste ano e em 2026 – no ano passado, o SBF abriu quatro lojas.

“Essa retomada da expansão já começou, já que estamos conversando com vários shoppings,” disse Salazar. 

A empresa também retomou de maneira mais forte as reformas. No primeiro tri, o volume de capex destinado para esse fim chegou a R$ 3,9 milhões – ante R$ 295 mil um ano antes. 

Segundo Salazar, essa conta vai aumentar e será uma das principais vias de crescimento da companhia nos próximos anos, já que as lojas reformadas têm um patamar de SSS de 5 pontos percentuais acima das lojas no formato antigo. 

A ação da dona da Centauro cai 3% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 2,9 bilhões.