The dollar is going south.
O índice DXY, que mede o valor da moeda americana contra uma cesta de seis moedas, caiu abaixo de 100 pela primeira vez desde 2022.
Em mais uma evidência de que o trade do ‘excepcionalismo’ dos EUA foi abandonado, o dólar vem perdendo valor desde o seu pico recente, no final do ano passado.
Depois de bater nos 110 pontos em dezembro, o DXY recuou para 99,25 hoje pela manhã, acumulando uma desvalorização superior a 8% no ano.
Em reação à escalada de medidas tarifárias aleatórias de Donald Trump, os ativos americanos têm seguido o comportamento típico de países emergentes em crise de confiança: depreciação da moeda, abertura dos juros futuros e mergulho das ações.
O yield do título de 10 anos voltou a ficar acima de 4,5%, em uma trajetória contrária à pretendida pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent.
“A dúvida sobre uma possível crise de confiança no dólar foi agora totalmente respondida,” escreveram os estrategistas de câmbio do ING, segundo relato da Bloomberg. “O colapso do dólar é no momento um barômetro do ‘sell America’.”
O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse à CNBC que as tendências recentes mostram que os investidores estão fugindo dos EUA.
“Normalmente, quando há grande aumento de tarifas, deveríamos ver uma alta do dólar,” disse Kashkari. “O fato de o dólar estar caindo dá credibilidade à visão de uma mudança na preferência dos investidores.”
Para Kashkari, a possível redução do déficit comercial poderá fazer com que os investidores deixem de considerar os EUA como um dos mercados mais atrativos para alocar capital. “Então poderemos esperar uma alta nos yields dos títulos.”
Em uma carta aos acionistas, o CEO da BlackRock, Larry Fink, disse que “incerteza e ansiedade sobre o futuro dos mercados e da economia estão dominando as conversas com os clientes.”
Fink disse que “estamos muito próximos de uma recessão – se já não estivermos nela.”
Michael Hartnett, o estrategista-chefe do Bank of America, escreveu que a turbulência causada por Trump transformou o “excepcionalismo” em “repúdio aos EUA.”
Hartnett recomendou, como estratégia defensiva, que os investidores fiquem vendidos no S&P 500 e comprados em Treasuries de 2 anos – até pelo menos que haja uma ‘cessar-fogo’ entre EUA e China ou que o Federal Reserve decida intervir.
Para o estrategista, “a liquidação de ativos provavelmente forçará as autoridades a agir.”
Falta ‘combinar com os russos’ – no caso, com Donald Trump.