A Docket — uma startup de busca, gestão e pré-análise de documentos jurídicos — acaba de levantar R$ 110 milhões numa rodada liderada pela Gerdau Ventures e pela Inovabra, o braço de venture capital do Bradesco.
A empresa vai usar os recursos para continuar crescendo ao mesmo tempo em que busca ganhar eficiência operacional.
“Queremos chegar no breakeven em 2024 com uma boa quantidade de dinheiro em caixa para oportunidades,” o CEO e cofundador Pedro Roso disse ao Brazil Journal. “Além disso, não sabemos como o mercado vai se comportar. Esse ano, vimos o mercado fechar muito rápido para novas captações, mas mesmo assim conseguimos fazer essa rodada.”
Fundada em 2016, a Docket nasceu da cabeça de Flávio Castaldi, que trabalhava no time jurídico de uma grande construtora e se viu perdido no meio de todas as documentações que tinha que levantar e controlar (tudo no Excel).
Na época, ele se juntou a Pedro e Rodrigo Lopes (o CTO) para criar um software de controle do vencimento das certidões de matrícula de imóveis. O primeiro cliente foi a própria construtora onde Flávio trabalhava.
Com o tempo, a Docket foi aprimorando sua plataforma até chegar ao modelo atual, que funciona como uma espécie de ‘shopping de documentos’.
A startup criou várias integrações com os sistemas de órgãos públicos – do Ministério do Trabalho ao Tribunal de Justiça – e ajuda as empresas a obter e gerir toda a documentação necessária para processos que envolvem due diligence, como por exemplo a concessão de um empréstimo ou um investimento.
“Para os grandes bancos fazerem toda a esteira de formalização de um home equity ou de um financiamento imobiliário, por exemplo, essa parte de due diligence da documentação levava uns 2 meses,” disse o CEO. “Com a Docket, reduzimos esse tempo para sete dias e queremos chegar a minutos.”
Segundo ele, o cliente não precisa fazer nada: basta se integrar com o API da startup para que ela passe a receber automaticamente todas as informações sobre as documentações que ela precisa levantar.
“É um conjunto muito amplo de documentos,” disse ele. “Num home equity, por exemplo, a empresa precisa da certidão de nascimento do cliente, do IPTU, do documento da vaga de garagem, da matrícula do imóvel, e por aí vai.”
Até agora, esse trabalho era feito pelo backoffice das empresas ou, em alguns casos, elas pediam que o próprio cliente fosse atrás da documentação necessária — o que atrasava ainda mais o processo.
A Docket já atende 165 clientes, principalmente do setor financeiro, agronegócio e mercado imobiliário. O portfólio inclui companhias como o Banco Carrefour, a Klabin, o Sicredi e a CashMe, a fintech da Cyrela.
Pedro disse que um dos objetivos da Docket é aumentar as taxas de conversão de sua esteira comercial sem ter que aumentar o time, bem como crescer seu share of wallet nos clientes.
“Tem muita oportunidade de cross sell. Tem um banco, por exemplo, que estamos apenas na área imobiliária,” disse ele. “Poderíamos facilmente entrar na área de contencioso, de seguros, de recuperação de ativos.”
A Série B também teve a participação da TM3 Capital, a gestora do cofundador da Bematech, Marcel Malczewski; da Valor Capital; da ONEVC; e da Wayra, o corporate venture capital da Vivo. Esses três últimos já haviam investido na Série A, junto com Canary e Kaszek.