A Dock — a pioneira no mercado de banking as a service no Brasil — acaba de levantar US$ 110 milhões numa rodada que avaliou a empresa em US$ 1,5 bilhão, apesar da incerteza que agora cerca o mercado de venture capital.
A rodada foi coliderada pela Lightrock, a gestora de growth equity que já apostou na Creditas e Buser, e pela Silver Lake, que já investiu no Airbnb, Stripe e na Klarna.
Riverwood Capital, Viking Global e Sunley House Capital, que já haviam investido na Dock em rodadas anteriores, também acompanharam.
A capitalização vai financiar o plano de expansão internacional da Dock, que já tem uma operação no México (fruto de um M&A) e alguns clientes na Colômbia e no Peru.
Com a rodada, o plano é acelerar o crescimento nesses mercados e entrar em outros países da América Latina.
“O mercado brasileiro tem baixa bancarização e muito espaço para o crescimento da embedded finance [serviços de fintech oferecidos por empresas não-financeiras],” o CEO Antonio Soares disse ao Brazil Journal. “Mas esse cenário é igual ou até pior em outros países da América Latina.”
A Dock nasceu da antiga Conductor, que foi fundada há mais de 20 anos. Antonio entrou na empresa em 2012, depois de uma carreira de décadas trabalhando com o setor financeiro na Accenture.
Em 2014, o executivo e a Riverwood Capital compraram 100% da Conductor, que até então operava apenas como processadora de cartões.
Quatro anos depois, a empresa lançou sua vertical de banking as a service e, no ano passado, mudou seu nome para Dock.
A Dock opera em três verticais: processamento de cartões; banking as a service (que permite que o cliente crie um banco digital completo usando a infraestrutura e as licenças da empresa); e uma vertical de ‘adquirência as a service’, que permite aos clientes operar como subadquirentes.
A Dock já atende mais de 300 clientes, incluindo fintechs como C6, Neon e Digio, e grandes varejistas como C&A, Renner e Pernambucanas. A Ambev também usa a Dock para oferecer serviços financeiros e maquininhas a seus clientes (os bares e restaurantes).
Diferente da maioria dos players de banking as a service, a Dock não cobra um take rate sobre as transações. Sua receita vem apenas de um valor pré-definido sobre o total de contas ativas e de eventos feitos no mês (por exemplo, um onboarding ou uma transação com o Pix).
No ano passado, a Dock fez uma receita líquida de R$ 456 milhões e quase quadruplicou o número de contas digitais ativas de seus clientes, atingindo mais de 65 milhões de contas.
De 2014 até 2020, a Dock cresceu a uma taxa média anual de 48% e operava com geração de caixa positiva. No ano passado, no entanto, ela decidiu acelerar o crescimento e ficou no vermelho pela primeira vez.
Segundo Antonio, o plano é voltar ao breakeven ainda este ano.
Além da expansão internacional, a Dock vai usar os recursos da rodada para acelerar o desenvolvimento de novos produtos. Os primeiros da fila são soluções dentro do segmento de criptomoedas e de buy now, pay later. A ideia é prover a infraestrutura de BNPL para grandes varejistas e até para empresas globais do próprio setor que queiram entrar no Brasil.
A Dock foi a pioneira de um mercado que está ficando cada vez mais competitivo, com startups como a SWAP e a Celcoin e players tradicionais como o Modal passando a oferecer sua infraestrutura a terceiros.
A Dock diz ter “uma oferta mais ampla, um modelo de monetização mais alinhado e uma escala significativa que permite oferecer preços mais competitivos.”