Riza ama Riva.

A Direcional Engenharia acaba de anunciar que está vendendo uma participação minoritária da Riva — sua subsidiária focada na faixa imediatamente acima do Minha Casa, Minha Vida. 

O comprador é a Riza Asset, uma gestora focada em crédito e no agronegócio com mais de R$ 14 bilhões em ativos sob gestão. 

A Riza vai comprar de 7,55% até 15% da Riva, investindo de R$ 200 milhões a R$ 397 milhões.

A transação — 100% secundária — avalia a subsidiária em R$ 2,65 bilhões, pouco mais da metade do market cap da Direcional, que fechou o dia valendo R$ 5,1 bilhões.

A Direcional disse que a Riva vai distribuir R$ 150 milhões em dividendos aos acionistas antes da conclusão da operação. O valuation da Riza já considera a saída desses recursos.

Hoje a Direcional tem 94,5% da Riva, e os 5,5% restantes estão nas mãos de executivos da empresa. 

O pagamento da Riza poderá ser feito em duas tranches: a primeira está prevista para abril do ano que vem, e a segunda para outubro. 

A decisão da Riza de comprar além do mínimo de 7,55% poderá ser tomada até a conclusão da segunda tranche. 

A Riva foi criada dentro da Direcional para operar num segmento um pouco acima do Minha Casa, Minha Vida — o core da construtora fundada em 1981. 

Ela atende clientes com renda familiar de R$ 4,7 mil a R$ 12 mil que já não se enquadram na ‘Faixa 3’ do MCMV. O preço dos apartamentos vai de R$ 200 mil a R$ 500 mil. 

Nos primeiros nove meses deste ano, a Riva lançou R$ 1,4 bilhão e vendeu R$ 1,7 bi, um aumento de 13,6% e 66%, respectivamente, na comparação anual. 

“O Minha Casa Minha Vida é um mercado bom, mas que sempre tem a dependência do orçamento do FGTS. Já o mercado da Riva é muito grande e tem uma demanda meio garantida. Sempre vai ter pessoas de renda média casando, tendo filhos, ou saindo de casa e precisando de um novo apartamento,” disse um gestor comprado em Direcional. 

Para ele, a Riva tem a vantagem de estar dentro da estrutura da Direcional, o que permite que ela use o método construtivo do MCMV (que tem um custo controlado) num segmento de tíquete maior, turbinando suas margens.

A transação vem num momento positivo para a Direcional, que passou incólume pela crise que afetou a MRV e a Tenda — com o aumento de custos da construção na pandemia pressionando as margens — e está entregando resultados operacionais fortes, surfando o bom momento do MCMV.

No terceiro tri, a Direcional teve resultados recordes, que superaram as projeções do sellside. A ação da companhia acumula uma alta de quase 50% nos últimos 12 meses, mesmo em meio ao banho de sangue da Bolsa brasileira.