A Dialog — uma plataforma de comunicação interna usada por empresas como Pepsico, Via Varejo, Avon e Carrefour — está tentando aposentar os comunicados em papel e aumentar o engajamento dos funcionários com um aplicativo que mistura rede social e gamificação.
A startup, que nasceu há cinco anos de um spinoff do Grupo In Press, uma holding de agências de comunicação, já atende 25 clientes que pagam mensalidades que variam com o número de funcionários.
A startup, que está no breakeven desde 2019, acaba de levantar R$ 4 milhões numa rodada seed que a avaliou em cerca de R$ 30 milhões. (No ano passado, faturou R$ 2,9 milhões, 75% a mais que em 2019, e espera dobrar a receita este ano.)
A rodada foi liderada pela BR Angels e teve a participação da Meta Ventures, Gávea Angels, Anjos do Brasil, Urca Angels, além de alguns executivos da In Press e do ex-chief digital officer do Grupo Pão de Açúcar, Antonio Salvador, que já investia na empresa.
Os novos investidores ficaram com 14% do capital. André Franco, o fundador e CEO, tem cerca de 70%, e o restante está nas mãos da In Press.
A Dialog nasceu da demanda de um único cliente. Quando André ainda estava na In Press, a Pepsico procurou a agência para tentar aumentar o engajamento de seus colaboradores nas comunicações internas — que acabavam sendo muito segmentadas e ‘top down’.
“Desenhamos o Dialog como um canal de comunicação digital que fosse descentralizado e desse voz aos funcionários,” André disse ao Brazil Journal. “Criamos como uma rede social, com uma timeline, onde os funcionários podem postar o que estão fazendo e comentar nos posts um do outro.”
Para aumentar o engajamento, a Dialog incluiu quizzes, pesquisas de opinião e componentes de gamificação (a cada interação na plataforma, o funcionário ganha pontos que depois podem ser trocados por prêmios).
A startup também criou uma integração com o RH das empresas para permitir que os funcionários vejam seu holerite no aplicativo, façam o agendamento das férias e consultem benefícios como o plano de saúde e vale refeição.
“É como uma ‘intranet 4.0’ com um componente social e de gamificação,” diz André.
O resultado: o engajamento médio dos funcionários decolou, chegando a cerca de 65% na média dos 25 clientes. Em outras palavras, dois terços de todos os funcionários dos clientes da Dialog entram no aplicativo pelo menos uma vez por mês.
Com os recursos da rodada, a Dialog quer aumentar a captação de clientes e investir em novas soluções no app. Uma das principais verticais é a parte de dados.
“Uma ideia é criar uma inteligência artificial capaz de mapear padrões de comportamento das pessoas que pediram demissão da empresa. Com isso, quando ela identificar padrões semelhantes num funcionário, ela pode agir rápido, reduzindo o turnover,” diz o fundador.
Nos EUA e Europa, empresas que digitalizam a comunicação interna já existem há anos.
A SocialChorus — um modelo parecido ao da Dialog — recebeu um cheque de US$ 100 milhões em julho passado e já levantou outros US$ 45 milhões desde que foi fundada em 2008. Na Alemanha, a StaffBase já atende mais de mil empresas entre as maiores de Europa.