Depois da revelação de que funcionários do Wells Fargo abriam novas contas sem o conhecimento dos clientes para turbinar suas comissões, o banco tomou uma atitude para tentar abortar o pesadelo de relações públicas.

Numa entrevista exclusiva ao The Wall Street Journal, o CEO John Stumpf anunciou que vai eliminar todas as metas de vendas das operações de varejo a partir de janeiro, num esforço para recuperar a imagem da instituição depois de uma multa de US$ 185 milhões e de um dano incalculável à sua imagem.

“Estamos eliminando todas as metas de vendas porque queremos que nossos clientes tenham total confiança de que nossos gerentes estão sempre focados em atuar em prol do interesse dos consumidores”, Stumpf disse ao Journal, acrescentando que o banco “não quer nem um centavo de lucro que não tenha sido ganho honestamente.”

Mas Stumpf não conseguiu fazer um mea culpa completo: ele negou que exista uma ‘cultura’ que gerou os problemas.  Disse que “não havia incentivo para fazer coisas erradas,” e que “o 1% dos funcionários que fizeram tudo errado — que foram demitidos, que foram terminados — não refletem a nossa cultura nem o ótimo trabalho que a grande maioria das outras pessoas fazem. Isso é uma falsa narrativa.”

No entanto, atuais e ex-funcionários do Wells Fargo disseram ao Journal que a pressão no banco vem de cima, e que a prática de fazer vendas cruzadas (parte do problema) era uma ordem.
 
Stumpf ainda sofrerá mais desgaste.  Na terça que vem, ele terá que depor diante do Comitê de Assuntos Bancários do Senado. A notícia ajudou a derrubar a ação do banco 3,3% hoje, retirando do Wells Fargo o posto de banco mais valioso do mundo.  O banco de São Francisco fechou o dia valendo US $236,9 bilhões, enquanto o JP Morgan fechou o dia valendo US$ 240,3 bilhões.

 
A entrevista de Stumpf mostrou um CEO vacilante em assumir para si a responsabilidade pela crise. Quando os repórteres do Journal perguntaram quem era o responsável final pelas práticas e a cultura que levou às fraudes, Stumpf inicialmente não quis comentar.  Mas mais tarde, por meio de uma porta-voz, ele disse que quando o banco erra, “eu me sinto responsável e toda a nossa liderança se sente responsável — e queremos que todos os nossos acionistas saibam disso.”