A Darwin — uma insurtech focada no seguro auto — acaba de levantar R$ 102 milhões para expandir seu portfólio de produtos, investir mais em inteligência artificial e acelerar seu plano de expansão. 

A captação foi liderada pela Vintage Investimentos, do ex-Garantia José Ricardo de Paulo, e teve a participação do IRB e do fundo de impacto Eqwow. Investidores que já estavam no cap table, como a Invisto e Álvaro “Guti” Vidigal, também acompanharam. 

A rodada vem três anos depois da Darwin ter feito sua última captação. Em setembro de 2022 a startup captou outros R$ 43 milhões com investidores como o corporate venture capital do Banco BV. 

Na época, a Darwin ainda era pré-operacional e havia acabado de obter sua licença experimental dentro do ‘sandbox regulatório’ da Susep.

Carlos barros

De lá para cá, a empresa já obteve sua licença definitiva e saiu de uma receita de R$ 7 milhões em 2023, o primeiro ano de operação, para R$ 41 milhões no ano passado. Este ano, a expectativa é um top line de mais de R$ 150 milhões, com a meta de chegar a R$ 1 bilhão em 2028. 

A Darwin está se diferenciando das grandes seguradoras, como a Porto, com um modelo de precificação que usa dados sobre a qualidade da direção dos motoristas para precificar o seguro — premiando quem dirige com cautela e em regiões mais seguras e aumentando o preço para o mau motorista. 

A Darwin colhe esses dados por meio de seu aplicativo, que fica rodando no fundo no celular do cliente e capturando dados como a aceleração nas curvas, a frenagem, o local onde o motorista está dirigindo e se ele usa muito o celular enquanto está no trânsito. 

A startup iniciou sua operação com um seguro mensal cujo valor é reajustado todo mês dependendo de como o cliente dirigiu no mês anterior. 

No ano passado, depois de obter sua licença definitiva, a startup lançou também um seguro anual no modelo tradicional de bônus, buscando capturar os clientes que estão renovando seu plano. 

Hoje o seguro anual já representa a maior parte da receita da companhia — que, diferente da maior parte das insurtechs, apostou desde o início nos corretores para a distribuição do produto.

“O corretor é muito mais eficiente por dois motivos: você só paga se ele vender, então evita ficar queimando uma fortuna de CAC como vimos várias insurtechs fazerem, e ele funciona como uma primeira peneira de risco,” Carlos Barros, o cofundador da Darwin, disse ao Brazil Journal. “Tem vários estudos mostrando que os seguros que vem dos corretores têm menos risco que o canal digital.”

Hoje a startup já tem 12 mil corretores cadastrados.

Firmino Freitas

Com a rodada, o plano da Darwin é buscar formas de monetizar mais este ecossistema. Para isso, ela pretende lançar novos seguros e entrar também em produtos financeiros, apostando numa estratégia que a Porto já adotou e tem se mostrado bem sucedida.

“Nos próximos seis meses já queremos lançar um seguro de vida e um residencial, produtos que tem um fit grande com a jornada do automóvel. O líder de mercado tem uma assistência residencial, e esse é um negócio que o cliente vê muito valor,” disse Firmino Freitas, o outro fundador. “Além disso, com a telemetria conseguimos ter dados de onde a pessoa mora, dorme, então dá para criar um produto muito interessante.”

Em produtos financeiros, a Darwin vai começar com um empréstimo com garantia em veículo criado em parceria com o Banco BV. 

Carlos disse que hoje a Porto está “nadando sozinha” nesse mercado de produtos financeiros, mas só oferece para clientes que já têm seguro com ela, cerca de 30% do mercado.

“Tem 70% do mercado que não tem essa oferta hoje. Essa bola está quicando e vimos uma oportunidade de aproveitar isso, com os nossos corretores parceiros oferecendo esse produto na jornada do seguro.”

A entrada em novos seguros requer capital regulatório, que vai sendo chamado conforme a seguradora vai vendendo esses produtos. Parte dos recursos da rodada serão destinados a isso, mas a companhia também pretende ceder parte do risco ao IRB, reduzindo sua demanda de capital.