Patricia Moraes, uma das banqueiras de investimento mais sêniores da Faria Lima, está deixando o JP Morgan depois de 22 anos.
 
10398 2fd1009c 8d01 0db5 0000 e779c86bc2c1Seu último dia no banco foi hoje.
 
“É um ciclo que se fecha,” ela disse ao Brazil Journal esta manhã, antes de passar a tarde com o celular desligado.
 
Ao longo da carreira, Patricia trabalhou em transações emblemáticas: assessorou a Shell na formação da Raizen (joint venture da companhia anglo-holandesa com a Cosan), a SABMiller na tentativa (frustrada) de compra da Schincariol, e a AES na venda de ativos brasileiros.  Também participou, entre outros, dos IPOs do Fleury, BRF e BM&F Bovespa.  
 
Mas seu cliente mais importante, de longe, foi a JBS, onde Patricia desenvolveu uma relação de confiança com Joesley Batista que rendeu dezenas de milhões de dólares em comissões ao banco e, no final, a dor de cabeça de estar associado a um cliente que virou sinônimo de escândalo.  O JP Morgan participou de todos os M&As da JBS desde que a empresa foi listada na Bolsa em 2007.
 
O pai de Patricia, o ex-Ministro da Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes, foi conselheiro da JBS, o que lhe abriu a porta da empresa, mas fontes independentes dizem que o relacionamento de Patricia com a JBS transcendeu a influência do pai e se baseou em seu talento e capacidade de trabalho.
 
Tida como a banker mulher mais experiente em atividade no mercado brasileiro, Patricia tem amigos inclusive na concorrência — num mercado em que puxadas de tapete não são raras.
 
Em 2010, Patricia disse numa entrevista ao Valor que “essa indústria é difícil para mulher”, mas mostrou como transformava o problema em oportunidade: “As pessoas acham que eu ameaço menos por ser mulher, e isso inspira uma confiança importante.”