A dependência dos EUA da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) caiu para o menor nível em 30 anos.

A descoberta foi feita pelo Financial Times, analisando dados do Departamento de Energia norte-americano.

Em agosto deste ano, a OPEP foi responsável por ‘apenas’ 40% de toda a importação de petróleo feita pelos EUA, o menor nível desde maio de 1985.

Em seu pico, em 1976, a OPEP vendia 88% de todo o petróleo importado pelos EUA.

A queda na dependência da OPEP tem uma explicação simples: as reservas de gás e petróleo de xisto em solo americano, que se tornaram viáveis com novas tecnologias. Desde 2008, os EUA ampliaram em 50% a sua produção de petróleo doméstica.

A ‘revolução do xisto’ também teve implicações para o Brasil. As exportações brasileiras de petróleo para os EUA caíram 60% em dois anos e, em 2013, pela primeira vez, a Petrobras vendeu mais para a China do que para os EUA.

Apesar da dependência menor, os EUA ainda importam 36% do petróleo que consomem (dados de 2013) e continuam a ser o segundo maior importador líquido de petróleo do mundo, perdendo apenas para a China.

As implicações geopolíticas são variadas: de acordo com o FT, quem mais sofreu foram os países africanos, tais como a Argélia e Líbia, enquanto a Venezuela e a Arábia Saudita continuaram exportando bastante para os EUA. A maior vítima foi a Nigéria. Há quatro anos, o país africano era um dos cinco maiores fornecedores dos EUA. Em julho deste ano, suas vendas caíram para zero.

Em tempo: a OPEP se reúne quinta-feira para tentar organizar o mercado depois da queda do preço do petróleo nos últimos meses.