Em apenas duas semanas, o mood do mercado brasileiro foi de eufórico a sorumbático.

A empolgação com o corte da Selic foi abortada pela virada lá fora.

Está faltando dinheiro novo para sustentar a valorização do Ibovespa – mas, de acordo com uma sondagem mensal do Bank of America, ainda há esperança.

Segundo o LatAm Fund Manager Survey, 88% dos gestores esperam que o Ibovespa feche o ano acima dos 120 mil pontos – uma melhora em relação aos 76% com essa visão no mês passado.

Os mais otimistas – que esperam o Ibov acima dos 130 mil – são agora 41%, contra 23% há um mês.

Mas esperar pelo fluxo pode exigir paciência.

A maioria dos gestores espera que os investidores façam a rotação de suas carteiras de renda fixa para variável (apenas) quando a Selic cair para 10% – o que, se a curva de juros estiver certa, só deve ocorrer em 2024.

Na avaliação dos gestores, o maior risco para a Bolsa brasileira é a alta de juros nos EUA – e subiu o número de gestores com essa avaliação.

O banco observa que o fluxo para os emergentes continua fraco – com 90% do fluxo positivo indo para o a China (e dando de cara com notícia ruim todo dia).

Mas os analistas do BofA mantêm a visão de que o rally do Ibovespa “não chegou ao fim.”

Depois das quedas recentes, a Bolsa brasileira (excluindo commodities) conseguiu a façanha de aumentar seu desconto de valuation (vs. a média histórica).  Nos últimos 30 dias, esse desconto abriu de 5% para 10%.

Segundo o BofA, o Ibovespa em dólares – excluindo as empresas de commodities – agora negocia com um desconto de 12% em relação a outros emergentes. Quando se retira a China da comparação, o desconto do Brasil vai a 20%.

Investidores internacionais sacaram R$ 8 bilhões da B3 desde o início de agosto – mas o saldo continua positivo em R$ 14 bi desde o início do ano.  A grande porrada foi em janeiro, quando os gestores internacionais colocaram R$ 19 bilhões em termos líquidos – de lá pra cá, o saldo mensal tem ficado praticamente zerado.