Em meio a um mercado de IPO avesso a risco e que já fez muitas vítimas, a Dasa teve que ceder no preço para conseguir precificar sua oferta e saiu a R$ 58 por ação.

A companhia controlada pela família Bueno levantou R$ 3,8 bilhões entre a oferta base e o greenshoe, que foi integralmente colocado.

A ampla faixa original, que ia de R$ 64,90 para R$ 84,50, foi revista na segunda-feira à noite para R$ 56,75 a R$ 60, com a Dasa enfrentando um ambiente que já forçou 18 empresas a adiar suas ofertas e ameaça cancelar outros IPOs do setor.

No final, a companhia precificou no meio da nova faixa, um desconto de 10,6% em relação ao piso da faixa original.

Neste preço, a Dasa está saindo a um múltiplo de 16,5x o EBITDA estimado para este ano (em números IFRS), um desconto substancial em relação aos 22x da Rede D’Or e aos cerca de 17x em que Hapvida e Intermédica negociam considerando as sinergias pós-fusão. (Hoje, os papéis ainda saem a cerca de 22x.)

Insatisfeita com o valuation, a família Bueno colocou R$ 500 milhões na oferta para não ser diluída nos níveis atuais. “Eles quiseram demonstrar comprometimento de longo prazo e dizer que o fundamento é melhor do que o mercado aceita pagar nesse momento,” disse uma fonte próxima à oferta. 

O processo de alocação estava em curso no momento desta publicação, mas caminhava para investidores internacionais ficarem com 60% e os locais, com o saldo — com uma prevalência de fundos long-only nas duas demografias.

Como tem um free float insignificante até agora, o papel da Dasa fica sujeito a distorções de preço. Bizarramente, a ação fechou hoje a R$ 144 — apesar da empresa já ter anunciado há dias que a faixa de preço era substancialmente abaixo desses níveis.

O vento de proa enfrentado pela Dasa é um mau presságio para a Hospital Care e a Kora Saúde, duas redes hospitalares que estão no mercado com seus IPOs. O Hospital Care quer levantar R$ 1,1 bilhão numa oferta primária e secundária; a Kora, uma rede capixaba com 11 hospitais e mil leitos, ainda não fez o segundo protocolo junto à CVM.

Já a Rede Mater Dei deve atravessar a arrebentação, ainda que enfrente pressão para ajustar seu preço depois que a Rede D’Or estragou a festa entrando em Belo Horizonte — o principal mercado da Mater Dei  — com a aquisição do Biocor, segundo pessoas próximas à transação.

Agora, a Mater Dei enfrentará a D’Or em casa e em Salvador, onde os mineiros estão construindo um novo hospital e a Rede D’Or já tem três.

Os coordenadores da oferta foram Bradesco BBI (líder), BTG Pactual, Bank of America e Credit Suisse.  Santander, Safra, Itaú BBA e Morgan Stanley também participaram do sindicato.