Alugar casa em Miami para as férias, com a certeza de que ao chegar lá ela estará arrumada do jeito que você gosta — com a geladeira cheia ou até um chef à sua disposição. E se houver algum problema, nada que um telefonema não resolva. 

É nesse tipo de negócio, que mistura administração de imóveis para locação e oferta de serviços, que a CVC está colocando os pés de vez hoje, ao aumentar sua fatia na VHC de 69% para 100% do capital. 

10188 b81279f7 f592 0006 0003 6eb6ced04824A VHC tem dois clientes: o proprietário do imóvel que coloca a casa para alugar, e o usuário que vai passar uns dias no imóvel.

Diferentemente de uma plataforma como o Airbnb, o papel da VHC não é apenas conectar os dois. 

A empresa assume a administração e a manutenção das casas e, além de resolver qualquer problema do usuário, oferece serviços de alto padrão e concierge, com atendimento 24 horas. 

A VHC fica com um percentual que varia entre 15% e 25% dos lucros com a locação e concentra 100% da receita dos serviços que oferece ao usuário. 

Hoje, a empresa administra cerca de 300 imóveis, mas o plano de 5 anos é chegar a um portfólio de 8 mil casas.  A CVC estima que a operação vai alcançar receita entre R$ 400 milhões a R$ 500 milhões, ou 20% no negócio da CVC hoje.

“Considerando que a CVC vai crescer como um todo, daqui a 5 anos, o percentual deverá ser de cerca de 10%”, disse Mauricio Montilha, que está deixando o posto de CFO da CVC para se tornar o CEO da VHC.

Mauricio vai substituir o fundador da VHC, Fabio Cardoso, que começou a companhia em 2015 quando trabalhava em uma imobiliária em Orlando.  

Na época, Fabio identificou a demanda de brasileiros que precisavam de ajuda para administrar imóveis que compravam nos Estados Unidos.  

Em 2016, o negócio atraiu a operadora Trend. Um ano depois, a CVC comprou a Trend e ficou com 69% da VHC.

Agora, o CEO Leonel Andrade decidiu comprar os 31% restantes que ainda estavam com Fabio, que seguirá na empresa como COO.

O valor do negócio não foi divulgado; a CVC diz que o número não é material para seu balanço. 

Com 100% do negócio, a CVC terá mais liberdade para fazer os investimentos necessários para a expansão. 

O plano, segundo Mauricio, é atender o turista brasileiro. A maioria das casas que a empresa administra hoje estão em Orlando e Miami, e a possibilidade maior de expansão imediata é Nova York. 

No Brasil, a empresa começou a atuar em Gramado e, após o Sul, deve entrar no Nordeste e em São Paulo, por conta das viagens de negócios. 

“Para começar a atuar, precisamos ter pelo menos 20 casas na região, o que justifica a formação de uma equipe para atender o usuário,” Mauricio disse ao Brazil Journal. 

Para a CVC, esse vai ser um serviço a mais.

“Antes, o turista que queria alugar uma casa — e não um hotel — não procurava a CVC. Agora vamos colocar mais esta opção na rede de mais de mil lojas”, disse o novo CEO.  

A pandemia, por outro lado, reforçou ainda mais esse perfil de turismo que prefere casas a hotéis. Para Mauricio, o negócio também tem potencial para aquecer o mercado de locação. 

A VHC não concorre diretamente com plataformas como o Airbnb, que pode ser utilizado por ela como mais um canal de vendas. 

O plano da empresa é ser consolidadora num mercado que hoje é muito fragmentado e movimenta estimados US$ 100 bilhões ao ano. Entre os concorrentes estão a Vacasa, com 34 mil imóveis; e a Evolve, com 10 mil.  

No Brasil, há imobiliárias locais que oferecem o serviço de administração de imóveis para a locação. A VHC pode fechar parcerias com elas ou ainda trabalhar em formatos de leasing — em Miami, há prédios sendo erguidos com 100% dos apartamentos destinados ao turismo. 

Mauricio chegou à CVC em janeiro de 2020, vindo da Atento. Já morava na Flórida e continua por lá, dividindo seu tempo com passagens por São Paulo. 

Dois meses depois de chegar, ele foi o responsável pelo alerta sobre os problemas nas demonstrações contábeis na companhia. 

Na pandemia, trabalhou ao lado de Leonel para arrumar a casa. Além de reapresentar os números, a CVC  reestruturou a dívida e reforçou sua estrutura de capital com o apoio de dois novos acionistas: o Opportunity e o Pátria.