A Colmeia — uma startup de automação de atendimento digital — acaba de levantar R$ 25 milhões com a Crescera Capital, ganhando poder de fogo para executar seu plano de triplicar de tamanho este ano.
A capitalização avaliou a startup em mais de R$ 100 milhões (post-money).
Esta é a primeira vez que a Colmeia levanta recursos com investidores institucionais desde que foi fundada em 2020 por José Caodaglio, um executivo de 51 anos que passou 12 na Oracle e outros 5 na SAP.
A Colmeia faturou cerca de R$ 30 milhões ano passado, atendendo 70 clientes com uma plataforma de SaaS que oferece soluções como chatbot, CRM, analytics e customer care (o bom e velho atendimento humano pelo WhatsApp).
A lista de clientes inclui empresas como a V.tal, que comprou a rede de fibra óptica da Oi, o banco digital Digio e o Banco Mercantil.
Em alguns serviços, a startup compete com as brasileiras Blip e Zenvia, além da gigante americana Salesforce.
Caodaglio disse ao Brazil Journal que um dos diferenciais da Colmeia é que ela desenvolveu sua plataforma com uma visão ‘asset centric’ e não ‘bot centric’.
“A gente opera num modelo em que criamos os vários ativos que podem ser usados em um ou mais bots. Temos o conceito de menu, e quando o cliente escolhe uma opção ele é levado para um formulário, que é um ativo, ou para um outro menu, que é outro ativo. É um grande lego de ferramentas que vão se conectando,” disse ele.
“Na concorrência não. Eles fazem uma programação gigantesca dentro do bot, com tudo lá dentro. O problema disso é que o time to market é mais lento e para fazer o deploy de uma nova versão é muito complicado, você tem que derrubar todos os usuários. No nosso caso, fazemos o deploy apenas do ativo específico, então o resto continua funcionando normal.”
Outro diferencial, segundo José, é que o chamado total cost of ownership — que considera o custo do software, de manutenção, operação e upgrades — é muito menor que o da concorrência.
“Nosso custo de SaaS é competitivo, mas em linha com os concorrentes – mas o nosso ‘total cost of ownership’ é de 3x a 4x menor,” disse ele.
O início da Colmeia não foi fácil. Caodaglio lembra que passou um ano trabalhando de manhã e à tarde na SAP e programando o código da primeira versão da startup de madrugada. “Eu programava até umas 3h30 da manhã e no dia seguinte tinha que acordar às 7h para começar a trabalhar às 8h,” disse ele.
O empreendedor só conseguiu pedir demissão da SAP para focar 100% em sua startup quando levantou recursos com um casal de amigos, Konstantinos e Nilda Pappas.
“Meu sonho sempre foi viver do empreendedorismo. Com 17 anos eu abri uma empresa que acabou não dando certo. Aos 42 vi que, ou eu empreendia agora, ou não ia fazer nunca mais,” disse ele.
Com a rodada, o plano da Colmeia é manter o ritmo de crescimento da startup, cuja receita cresceu 400% no ano passado.
Para isso, “vamos aumentar o time comercial, investir mais em marketing e no desenvolvimento de novos produtos,” disse o CEO.
No business plan, a meta para este ano é dobrar a receita, mas Caodaglio disse que seu objetivo pessoal é triplicar. Segundo ele, o tamanho desse mercado é “basicamente infinito.”
“Em termos práticos, tem demanda para todo mundo, desde plataformas mais sofisticadas até quem quer fazer coisas mais simples,” disse ele. “Toda empresa precisa se comunicar com seus clientes, e essa é uma tecnologia que gera uma redução de custos muito grande e um aumento de eficiência enorme.”