A ADDI — uma fintech colombiana que criou uma versão turbinada e digital do velho crediário — acaba de levantar uma rodada de US$ 200 milhões para expandir seu negócio.

O foco prioritário: crescer no Brasil.

11831 413688d8 ad21 b24f 00c9 de4d84a24f0cA ADDI entrou no País em março, e já atende mais de 500 varejistas, incluindo empresas como a Chilli Beans.

A capitalização — a terceira rodada da startup em menos de seis meses — foi feita 40% em equity e 60% em dívida. No total, a ADDI já captou US$ 300 milhões desde que foi fundada — dos quais US$ 170 mi em equity.

Na rodada de hoje, a tranche de equity foi liderada pelo GIC, o fundo soberano de Singapura, e teve a participação do Softbank.

A maior parte da dívida veio do Goldman Sachs (US$ 100 milhões), e o saldo da Architect, uma gestora de São Francisco que só opera com dívida.

O cofundador da ADDI, Daniel Vallejo, disse que o valuation da empresa ainda está abaixo de US$ 1 bilhão, mas que ela está “bem perto de virar um unicórnio.”

Fundada em 2018 em Cali, a ADDI opera com um modelo de crédito que tem virado uma febre em economias desenvolvidas e que é conhecido lá fora como “buy now pay later” – que para os brasileiros, nada mais é do que um crediário digital com uma experiência melhorada.

“O crediário foi um produto criado pensando na baixa renda, e que cobrava taxas de juros que muitas vezes eram bem altas. Além disso, como era focado numa faixa da pirâmide que não tinha outra opção, a UX era muito ruim,” Daniel disse ao Brazil Journal. “A nossa solução não cobra nenhum juro do cliente e é para todas as classes. Queremos ser atrativos para a baixa renda, mas também para quem compra hoje parcelando no cartão de crédito.”

A solução da ADDI permite que o cliente faça uma compra nos varejistas parceiros pagando 25% à vista e o restante em três parcelas mensais sem juros. A ADDI antecipa esses recursos para o varejista, arcando com todo o risco da inadimplência.

Por esse serviço, ela cobra uma comissão em cima das vendas que gira em torno de 5% a 10%.

“Quem paga nossa conta é o varejista, mas essa parceria só funciona porque conseguimos aumentar as vendas para eles,” disse Daniel. “Com alguns varejistas, chegamos a gerar aumentos de 30% nas vendas… Na Black Friday, tiveram alguns clientes que 60% das vendas do dia foram feitas com a nossa solução.”

Para garantir que a experiência do cliente não tenha fricção, a ADDI automatizou a análise de crédito: assim que o cliente coloca o CPF, o motor de crédito da fintech já consegue definir se aquele cliente pode ou não fazer a compra parcelada.

Para isso, ela se conecta a diversas fontes de informações — dos bureaus de créditos a bases de dados de empresas de telecom — que fornecem os dados em tempo real.

“Mas a nossa análise é mais sofisticada, não vamos deixar de dar crédito só porque a pessoa está com o nome sujo. Tem muita gente que tem o nome sujo porque esqueceu de pagar a conta da Vivo, por exemplo, mas que está com todo o resto em dia,” disse o fundador.

A ADDI vai fechar este ano com um GMV de US$ 150 milhões, 40x maior que o do ano passado. Ano que vem, a expectativa é multiplicar esse GMV por 9x, chegando a mais de US$ 1 bilhão, com uma receita entre US$ 50-US$ 60 milhões.

Considerando as operações da Colômbia e Brasil, a ADDI já atende mais de 1 mil varejistas — metade em cada país — e o plano é fechar o ano que vem com 10 mil, com o Brasil se tornando a maior operação da empresa.

Para bancar os empréstimos, a ADDI já levantou três ‘Fideicomisos’ na Colômbia — um veículo de investimento que funciona de forma bem parecida com os FIDCs brasileiros.

Os US$ 125 milhões que ela está levantando em dívida vão para um novo veículo desse tipo, com a Goldman e a Architect comprando as cotas sênior e a ADDI ficando com as subordinadas — a parcela de maior risco e retorno.

Como os empréstimos são de curto prazo (apenas três parcelas), o capital levantado deve ser suficiente para financiar em torno de US$ 600 milhões ao longo do ano que vem, dada a reciclagem de capital.

Daniel fundou a ADDI com Santiago Suarez e Elmer Ortega. Os três se conhecem praticamente desde o berço: Daniel é primo de Santiago, que por sua vez é o melhor amigo de infância de Elmer.

Antes de fundar a ADDI, Santiago trabalhou seis anos no JP Morgan e depois na Y Combinator, em São Francisco. Daniel passou pela McKinsey e pela Southern Cross, a gestora de private equity, enquanto Elmer é o ‘nerd’ do trio: trabalhou a vida inteira com programação no setor financeiro.

Para fundar a ADDI, os três se inspiraram em empresas como a sueca Klarna, que já vale US$ 45 bilhões; a australiana Afterpay, que acaba de ser comprada pela Square; e a Affirm, dos Estados Unidos.