Depois que o valor de mercado da Coty caiu pela metade no ano passado, a JAB Holdings está dobrando sua aposta na empresa.
A holding europeia de marcas de consumo fez uma oferta para comprar 150 milhões de ações da companhia de cosméticos, na qual investe há mais de três décadas.
A proposta: US$ 11,65 por ação, um prêmio de 38% sobre a cotação média do papel nos últimos 90 pregões.
Caso toda a oferta seja aceita, a JAB — considerada a ‘Berkshire Hathaway da Europa’ — deve desembolsar US$ 1,75 bilhão na transação, aumentando sua fatia na Coty de 39% para 60%.
Peter Harf, o chairman da JAB, disse ao Financial Times que a oferta é um sinal da confiança dele e de seu sócio, Olivier Goudet, no turnaround da Coty.
A empresa — dona das marcas Monange, Bozzano e Risqué no Brasil — vive um momento complicado. Nos últimos anos, sofre com a queda nas vendas de seus produtos de beleza e tem tido dificuldades em digerir as marcas adquiridas da P&G em 2016, pelas quais pagou US$ 12,5 bilhões numa transação orquestrada pela JAB.
Segundo Harf, o objetivo da oferta é dar aos acionistas que não acreditam no sucesso do turnaround ou que não tenham paciência para esperar os resultados a chance de sair do negócio.
“É muito importante para a nossa reputação fazer o turnaround da Coty como uma empresa pública”, Harf disse ao FT.
Em novembro do ano passado, a Coty passou por uma troca no comando: Camilo Pane, que estava há menos de quatro anos como CEO, foi substituído por Pierre Laubies, um executivo com passagem pela Mars e pela JDE.
Os resultados já começaram a aparecer.
Na sexta-feira, o resultado trimestral da Coty veio acima da expectativa do mercado, detonando uma alta de quase 30% na ação. Laubies deu também um guidance otimista: voltar a dar lucro ainda no segundo semestre deste ano.
As ações da Coty subiram mais de 14% com a oferta da JAB. Ainda assim, o papel está 37% abaixo do valor do IPO, há cinco anos.
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