A Cosan está vindo a mercado com uma nova emissão de debêntures de R$ 2 bilhões.

Os coordenadores são Itaú (líder), Santander, Bradesco, BTG, Citibank e UBS BB. 

A transação é um liability management — um exercício de gestão de passivos em que uma empresa usa uma captação mais barata para resgatar uma dívida mais cara. 

Um dos usos mais óbvios dos recursos seria a recompra dos US$ 121 milhões do bond com vencimento em 2023 que a Cosan ainda tem no mercado internacional. Em agosto, a companhia tem uma opção de recompra a valor de face, o que significaria aposentar uma dívida de 5% em dólar.

“Nesse momento, eles poderiam emitir uma nova dívida em dólar bem abaixo deste nível no mercado externo,” diz o gestor de uma casa focada em crédito privado. 

A oferta está sendo feita dentro da instrução 476 da CVM, que permite mostrar a emissão para apenas 75 investidores e alocar no máximo 50, mas demanda um disclosure bem menor de informações. 

A emissão terá três séries. 

A primeira — de R$ 750 milhões — terá prazo de sete anos e pagará taxa máxima de CDI + 1,7%, dependendo do processo de bookbuilding. 

A segunda e a terceira vão somar outros R$ 1,25 bilhão e vencem em dez anos. 

Mas há uma diferença de indexador: a segunda série vai pagar taxa máxima de CDI + 2%, enquanto a terceira pagará a maior taxa dentre duas opções: ou a NTN-B de 2030 + 1,4% ou uma taxa fixa de 5,5%. 

A taxa da terceira série está acima de uma emissão recente de Rumo. Há duas semanas, a operadora de ferrovias controlada pela Cosan levantou R$ 1 bilhão com uma debênture incentivada de infraestrutura com um spread consideravelmente menor: ela saiu com uma taxa de NTN-B de 2030 + 0,35%. 

A emissão da Cosan é relativamente grande em comparação com emissões recentes da empresa, que giraram na casa de R$ 1 bi, e vem num momento de mercado favorável a novas emissões de dívida. 

Ao mesmo tempo em que os fundos de crédito privado estão voltando a captar, em parte pela alta recente da Selic, há escassez de oferta de novos papéis. 

“Essa emissão está voltando a testar o mercado com um volume grande e prazos longos, depois de um período de seca desse tipo emissão,” diz o gestor.