No que promete ser um dos raros IPOs de uma empresa brasileira este ano, a Cosan contratou três bancos americanos para coordenar a oferta pública inicial da Moove, sua subsidiária que opera com a fabricação e venda de lubrificantes.

A informação foi dada em primeira mão pela Bloomberg e confirmada pelo Brazil Journal

Os coordenadores serão o Bank of America, JP Morgan e Citi, e o objetivo é lançar a oferta ainda este ano, dependendo das condições de mercado. 

A agência disse que a Cosan está buscando um múltiplo de mais de 10x EBITDA, o que daria um market cap de pelo menos R$ 12 bilhões, considerando o EBITDA da Moove no ano passado. 

Para efeito de comparação, isso seria equivalente a metade do valor de mercado da Cosan, que hoje negocia a R$ 24 bilhões na B3. 

O valor almejado está em linha com as contas do sellside. Num relatório recente, o BTG calculou um NAV para a participação da Cosan na Moove de R$ 10,4 bilhões, o que daria um valor de R$ 14,5 bi para a empresa inteira. 

A Moove é uma das maiores fabricantes e distribuidoras de lubrificantes da América Latina, tendo a exclusividade da marca Mobil no Brasil. 

A empresa – que a Cosan comprou junto com a rede de postos da Esso em 2008 – vende produtos para diversos setores, principalmente o automotivo e industrial.  

A companhia tem operações na América Latina, Estados Unidos e Europa, e hoje quase metade da receita já é em moeda forte. 

A empresa tem crescido organicamente e por meio de aquisições. Há dois anos, pagou US$ 479 milhões pela PetroChoice, aumentando significativamente sua presença nos Estados Unidos, onde o mercado de lubrificantes movimenta US$ 33 bilhões/ano. 

Com sede na Pensilvânia, a PetroChoice era o maior distribuidor e fabricante de lubrificantes premium dos EUA, com 50 centros de distribuição em 25 estados. 

Apesar de ser a líder do setor, a PetroChoice tem um market share de apenas 4%, o que mostra a pulverização e as oportunidades do mercado norte-americano.

Na época da aquisição, a PetroChoice queimava caixa. De lá para cá, a Moove empreendeu um turnaround na empresa, com redução do custo das dívidas, melhorias operacionais e uma nova proposta comercial. 

A Moove fez uma receita líquida de R$ 10 bilhões no ano passado, com um EBITDA de R$ 1,2 bilhão e um lucro líquido de R$ 200 milhões. 

O CEO da empresa é Filipe Affonso Ferreira, um executivo que ocupou posições de liderança na Mars, Bunge e Goodyear e está no grupo Cosan há quase 9 anos.

Já o CFO Lineu Moran, um ex-executivo da ExxonMobil, está há 11 anos na Moove.

A Cosan é dona de 70% da Moove; os 30% restantes pertencem ao CVC Capital Partners, que investiu na companhia em 2018 pagando R$ 562 milhões pela participação.

Segundo a Bloomberg, o CVC quer vender pelo menos parte de sua posição na oferta. 

Esta não será a primeira vez que a Cosan avalia levar a Moove para a Bolsa. Em 2020/21, a holding de Rubens Ometto chegou a estudar um IPO da Moove e da Compass, mas acabou desistindo para focar apenas na oferta da Raízen. 

Depois, a janela de IPOs fechou no Brasil, e não abriu de novo até agora — o que explica a opção por um IPO nos EUA.