A Compass acaba de anunciar o closing de sua aquisição da Gaspetro – colocando fim a um processo que se desenrola há um ano e dando origem a uma empresa privada que vai operar 18 distribuidoras de gás encanado.
A nova companhia – batizada de Commit Gás – vai ser controlada pela Compass com 51% do capital, adquiridos da Petrobras por R$ 2 bilhões. O outro acionista é a Mitsui, a trading japonesa que já era sócia da Petrobras com os 49% restantes.
O anúncio de hoje vem duas semanas depois do CADE aprovar a transação sem restrições, e põe fim a especulações de que a Mitsui poderia tentar barrar a operação.
Com a criação da Commit, o conglomerado japonês – que opera no Brasil desde a década de 1960 – na prática troca um sócio estatal por um sócio privado disposto a investir bilhões de reais nos próximos anos para elevar o market share do gás encanado no mercado residencial, hoje em apenas 2%.
O nome Commit é uma mescla do nome das duas empresas, mas também uma referência “ao nosso compromisso com esse investimento e com o desenvolvimento do mercado de gás no Brasil,” o CEO da Compass, Nelson Gomes, disse ao Brazil Journal lado a lado com Tadaharu Shiroyama, o CEO da Mitsui Gás e Energia do Brasil.
A nova empresa será comandada por Renato Fontalva, que tem décadas de experiência no setor de óleo e gás. O executivo teve longas passagens pela Mobil Oil, ExxonMobil e pela própria Cosan. Até o final do ano passado, Renato era o CEO da Moove – a empresa de lubrificantes do grupo – na Europa.
A Commit nasce com participações minoritárias em 17 distribuidoras – controladas pelos Estados onde elas operam – além do controle da GasBrasiliano, que faz a distribuição de gás encanado no noroeste do estado de São Paulo.
Mas a Compass já sinalizou ao mercado que vai vender sua participação em até 12 distribuidoras para dois compradores distintos – um vai ficar com sete distribuidoras e o outro com cinco.
O pacote de ativos que será vendido ainda não foi revelado, mas o mais provável é que sejam as distribuidoras do Norte e Nordeste.
A concretização dessa venda, no entanto, ainda está sujeita ao exercício do direito de preferência por parte dos Estados e da própria Mitsui, que tem participação direta em oito distribuidoras (além da fatia que detém via Commit).
Com o closing da operação, a Compass passa a deter participação em três ativos: a Commit, a Comgás, e a SulGás, a antiga estatal de gás do Rio Grande do Sul, da qual a Compass comprou 51% por quase R$ 1 bilhão em outubro.
Com as três operações, a Compass deve ter um EBITDA pro forma de entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões este ano, e um capex da ordem de R$ 1,8 bilhão. (Esse capex, no entanto, não inclui os investimentos que terão que ser feitos nos ativos da Commit).