O Instituto PROA, uma ONG que atua na formação de jovens para o primeiro emprego, operava até pouco tempo numa pequena edícula em São Paulo formando pouco mais de 300 jovens por ano – uma fração das 2 milhões de vagas de primeiro emprego que são abertas todo ano no Brasil.
A pandemia mudou tudo.
Com o Brasil todo fechado em casa, a ONG fundada por Susanna Lemann, Marcelo Barbará e Florian Bartunek decidiu migrar sua formação para o modelo online e começou a escalar numa velocidade de Fórmula 1.
Em 2021, o PROA se expandiu para o Rio de Janeiro e só naquele ano formou 8.500 jovens – mais do que tinha formado em seus 13 anos de vida.
No ano passado, foram dois novos estados – o Rio Grande do Sul e Santa Catarina – e 15 mil jovens formados.
Este ano, o PROA foi para o Paraná e Minas Gerais, e deve formar mais de 25 mil jovens.
“O que fazíamos antes estava muito longe de ser algo que ia mexer o ponteiro,” a CEO do PROA, Alini Dal Magro, disse ao Brazil Journal. “Sempre tivemos esse sonho de escalar, mas faltava coragem e o empurrão da tecnologia para chegar nesse lugar que estamos hoje.”
Agora, o PROA quer dar mais um salto e chegar a 100 mil jovens impactos por ano em 2027.
“Quando chegarmos nesse patamar, já vamos estar impactando 5% de todas as vagas de entrada no Brasil,” disse a CEO.
Ano que vem, o PROA já pretende formar 35 mil jovens em 11 estados, entrando em Pernambuco, Bahia, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul.
Alini disse que um dos principais desafios para escalar a ONG é o financeiro. O PROA teve um orçamento de R$ 13,5 milhões este ano, que vem basicamente de doações de empresas.
Para chegar aos 100 mil formados por ano, esse orçamento teria que subir para R$ 25 milhões.
Outro desafio é a desconfiança das pessoas. “Em alguns estados onde chegamos, muita gente nunca ouviu falar do PROA nem de seus fundadores, e sempre tem aquela desconfiança de que ‘parece bom demais para ser verdade,’” disse ela.
Há ainda o desafio da empregabilidade. Depois de dar a formação aos jovens, o PROA os conecta com empresas interessadas em contratá-los por meio de uma plataforma onde as companhias buscam as vagas e os alunos podem se candidatar.
“Temos jovens em 1.422 cidades e tenho que empregá-los dentro dessas cidades. É um desafio grande encontrar essas vagas,” disse a CEO. Para isso, a ONG tem um time comercial que literalmente bate na porta das empresas e apresenta o projeto.
Segundo ela, a taxa de empregabilidade do PROA é, em média, de 65% de todos os alunos, variando muito de estado para estado. (Nos estados do Sul, onde o desemprego é menor, essa taxa é maior, de cerca de 70%).
O plano do PROA vem num momento desafiador para o mercado de trabalho, com as discussões sobre o impacto da inteligência artificial em diversas profissões tornando-se cada vez mais proeminentes.
Alini disse que a ONG está sempre olhando o mercado para entender as demandas das empresas e atendê-las com sua formação.
“A formação é muito dinâmica e não temos problema em mudá-la completamente se o mercado de trabalho mudar,” disse ela. “E a verdade é que essas questões não são uma preocupação para esses jovens que atendemos. A preocupação deles é mais básica: ‘como faço para conseguir um primeiro emprego se meu pai e minha mãe não têm emprego formal, e eu não sei nem por onde começar?’”
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