A XP iniciou a cobertura do setor de distribuição de combustíveis com recomendação de ‘compra’ para a Vibra e ‘neutra’ para a Ultrapar. A preferência pela primeira basicamente tem a ver com o valuation.

O analista André Vidal disse que depois de uma outperformance brutal da Ultrapar em 2023, “achamos que é o momento da Vibra brilhar, ainda que haja alguns riscos no horizonte.”

Nos últimos doze meses, a Ultrapar entregou um retorno total ao acionista (valorização da ação mais os dividendos) de impressionantes 120%, em comparação a 50% da Vibra e 15% do Ibovespa. 

A XP está atribuindo à Vibra um preço-alvo de R$ 32,70 – um potencial de alta de 40% – e de R$ 28,80 para a Ultrapar, um upside de 2% em relação ao preço de tela. 

“Vemos a Vibra barata e como a melhor ação para se posicionar para potenciais ventos a favor no setor de distribuição de combustíveis,” escreve o analista, para quem a maioria das “entregas impressionantes” da Ultrapar já está precificada.

O analista nota, no entanto, que a Ultrapar deve gerar uma quantidade enorme de caixa nos próximos anos, e que o management tem um track record sólido de alocação de capital aliado a incentivos corretos. 

Segundo André, a preferência pela Vibra tem a ver com o valuation

Nas contas da XP, a Vibra negocia a 12,1x seu lucro estimado para este ano, enquanto a Ultrapar negocia a 14,2x. 

Para a corretora, esse prêmio de múltiplo não faz sentido, dado que a Vibra tem entregado ROICs maiores que os da Ultrapar desde 2018.

Além do valuation, a XP lista outros fatores que jogam a favor da Vibra: sua maior exposição ao negócio de distribuição, podendo se beneficiar mais de mudanças positivas no setor; uma infraestrutura de logística com a maior capilaridade entre os pares, além de capacidade ociosa; e uma posição forte no B2B. 

Apesar do upside potencial, André ressalta que as duas empresas estão sujeitas aos riscos do setor.

“Combustíveis e distribuição de gás são setores politicamente sensíveis e sujeitos a regulação. O potencial retorno da Petrobras ao negócio de distribuição, por exemplo, poderia aumentar a competição,” escreveu o analista.  

Para a Vibra, há desafios adicionais, como o fim do contrato de uso da marca BR em seus postos, que a Petrobras já disse que não vai renovar em 2027; o desenvolvimento de sua plataforma de renováveis; a estabilidade no management, que passou por diversas mudanças; e a potencial fusão com a Eneva.