A Alba Saúde e o Centro Clínico Pastore estão se fundindo numa transação que une as duas maiores redes de clínicas populares do Rio de Janeiro.
A transação vai dar origem a uma nova empresa — a Dot Saúde — que começa com 19 unidades, faturamento de R$ 60 milhões, e será controlada 50/50 pelos acionistas da Alba e do Pastore.
Na Alba, os principais acionistas são o fundador Paulo Granato — cuja família é dona do laboratório Granato e da Policlínica Granato — e o Albatroz, o veículo de investimentos da família Icaza.
Já o Pastore é controlado pelo fundador Guilherme Aranha, um ex-banker da Lazard, e pela Vista Capital, uma asset do Rio com R$ 3,6 bi sob gestão.
A fusão vai transformar a nova empresa na terceira maior rede do setor, atrás apenas do Dr. Consulta, que tem 34 unidades, e da Clínica SIM, do Nordeste, que tem 22.
As duas clínicas têm perfis semelhantes — focam no meio do caminho entre o SUS e o plano de saúde — e complementaridade geográfica (nenhuma das unidades está na mesma região).
Os preços dos serviços vão de R$ 79 a R$ 120, e englobam desde consultas médicas de todas as especialidades até exames laboratoriais e de imagem.
“O negócio de clínica popular não é novo, existe há mais de 30 anos nos subúrbios, onde se oferecia preço baixo mas com uma prestação de serviço muito ruim,” Paulo disse ao Brazil Journal. “A novidade que trouxemos foi fazer isso bem feito… Melhoramos a qualidade do serviço para um nível em que a gente conseguisse ser cliente.”
Um dos grandes ativos das duas empresas é o clube de descontos: o cliente paga uma mensalidade para ter descontos de até 50% nas consultas e exames, compra de remédios nas farmácias e até em óticas e faculdades.
Segundo Paulo, esse negócio mais que quadruplicou desde o início do ano passado e os dois clubes somam hoje 13 mil vidas.
Mas nessa parte as operações também são complementares: a Alba oferecia esse plano apenas para empresas, que pagavam R$ 19,90 por vida, enquanto a Pastore atendia o consumidor final.
O plano pós-fusão é abrir mais 40 clínicas no Rio até o final de 2023, chegando a 60 unidades. Cada clínica tem de 3 a 4 consultórios e demanda um investimento de cerca de R$ 400 mil.
“Nossa ideia é construir hubs maiores onde o cliente pode fazer exames ou procedimentos mais complexos e, em volta desses hubs, termos várias dessas clínicas pequenas,” disse Guilherme.
Para financiar essa expansão, os empreendedores estão conversando com investidores para uma rodada de R$ 30-35 milhões.
A Dot Saúde teve um faturamento pro forma de R$ 60 milhões nos últimos 12 meses com um EBITDA de R$ 3,5 mi. A expectativa é atingir uma receita de R$ 180 milhões em 2023, quando todas as unidades estiverem prontas.
No Rio, as duas redes são praticamente soberanas. O Dr. Consulta já tentou entrar na região com a abertura de sete clínicas, mas acabou desistindo e hoje tem apenas uma unidade no Estado.
Guilherme disse que o mercado de clínicas populares é “muito regionalizado” com as marcas regionais tendo muita relevância.
“Tentar entrar em novos estados levando a marca não funciona,” disse ele. “Mais para a frente, depois que tivermos consolidado o Rio, nossa ideia é ganhar o Brasil com M&As.”