O Citi acaba de elevar sua recomendação para o Carrefour Brasil de ‘neutro’ para ‘compra’. O racional: depois de cair mais de 30% nas últimas semanas, o papel já precifica boa parte dos desafios de curto prazo.

O analista João Pedro Soares calcula que, excluindo o valor dos ativos imobiliários e o banco Carrefour do market cap da companhia, o varejo alimentar estaria negociando hoje a apenas R$ 3,5 bilhões — o equivalente a 5x o lucro estimado para o ano que vem.

Para o Citi, esses ativos deveriam negociar a pelo menos 10x lucro. 

Na conta, o Citi assumiu um cap rate de 10% para os ativos imobiliários e um múltiplo de 6x lucro para o banco Carrefour. 

O Citi lembra que o Carrefour está exposto essencialmente ao atacarejo, que é um ‘cash cow’ e responde por 66% das vendas do grupo e 70% do EBITDA.

“Essa exposição naturalmente permite uma alta conversão de caixa,” escreveu o analista. “Mesmo nas nossas premissas mais conservadoras para vendas, margens e custo da dívida, estimamos um free cash flow yield de cerca de 7% para 2024 e 10% para 2025.”

O Carrefour tem ainda a opcionalidade de monetizar seus ativos imobiliários. Na semana passada, a empresa anunciou a venda de cinco de seus centros de distribuição e cinco de suas lojas por R$ 1,3 bilhão. 

“Ainda que o valor dessa transação seja pequeno em relação ao valor de mercado, acreditamos que ela joga luz sobre os ativos imobiliários do Carrefour, que são uma fonte interessante de upside risk,” diz o relatório. 

O Citi elevou o papel para ‘buy’ mas classificou a ação como de ‘alto risco’, dado os desafios de curto prazo.

Para o banco, os principais riscos para a tese são a integração do BIG, que deve ser concluída no segundo tri mas que ainda traz um risco de execução; a alavancagem da empresa (de 2,4x o EBITDA); e o alto turnover do management.

Desde o início da integração do BIG, o Carrefour trocou o CEO uma vez e o CFO, duas vezes – e o comando do banco Carrefour ainda está vago. A companhia também fez uma sucessão no Atacadão nesse período.

Apesar de elevar sua recomendação para buy, o Citi reduziu seu preço-alvo de R$ 18,50 para R$ 15, um upside potencial de mais de 50% em relação ao preço de tela.