A CI&T acaba de reportar um segundo tri dentro do consenso, mas aumentou levemente o piso do guidance para este ano com mais demanda por AI em todos os setores que atende.
A consultoria de transformação digital disse que o crescimento foi ancorado por mais demanda de clientes no Brasil e Estados Unidos, com destaque para os setores de serviços financeiros e de varejo/bens industriais.
O CEO César Gon aumentou a projeção de crescimento de receita em moeda constante para um intervalo de 10,5% a 15%. Antes, a faixa iniciava em 9%.
A receita da companhia chegou a US$ 117,2 milhões no segundo tri, uma alta de 8% na comparação anual e de 12,3% em moeda constante.
Os setores de serviços financeiros e de varejo/bens industriais avançaram 38,1% e 19,6%, respectivamente.
Gon disse ao Brazil Journal que o avanço se deu, principalmente, pela alta demanda por ferramentas e consultorias sobre inteligência artificial. Mas segundo o executivo, a empresa não tem números específicos da tecnologia, pois a AI já faz parte de todas as linhas de negócio.
O executivo disse que o crescimento dos 10 maiores clientes (uma lista que inclui empresas como Coca-Cola, Johnson & Johnson, grandes bancos brasileiros e montadoras americanas) foi no mesmo ritmo do visto no top line.
“Fizemos um segundo tri – e um primeiro semestre como um todo – acima do que esperávamos. E estamos confiantes na taxa de conversão do nosso pipeline de projetos, que está 25% maior do que apresentamos no ano passado,” disse o CEO.
As regiões que puxaram o resultado foram América Latina (+ 25,7%) e América do Norte (+ 7,4%).
A Europa, por sua vez, teve uma queda de 48,6%, que Gon atribuiu ao momento geopolítico complicado do continente – em especial, a guerra Rússia-Ucrânia.
“Já havia antecipado no último call que isso aconteceria, mas vemos uma estabilização para o continente no terceiro tri e uma retomada de crescimento a partir do quarto,” disse o executivo.
A empresa reportou uma alta do EBITDA ajustado de 3% para US$ 21,5 milhões. A margem, por sua vez, caiu 0,9 ponto percentual para 18,4%.
Já o lucro líquido ajustado caiu 2,4% para US$ 12,2 milhões.
Entre as oportunidades que a CI&T enxerga para os próximos trimestres está a mudança do CNPJ no Brasil para o modelo alfanumérico.
Segundo Gon, apesar de parecer uma mudança trivial para quem não conhece, os sistemas das empresas precisarão mudar, e a CI&T está oferecendo uma ferramenta para amenizar os impactos sistêmicos.
“É como se fosse um bug do milênio do início do século, mas criado pela regulamentação,” disse o CEO. “Era algo que precisava ser feito, mas isso implica em um cenário em que muitas empresas não estão preparadas para a mudança.”
Mesmo com resultados em linha ou acima do guidance nos últimos trimestres, as ações da CI&T não vêm performando bem. Nos últimos 12 meses, o papel cai 27%, e a empresa vale US$ 654 milhões na NYSE.
Segundo Gon, essa queda ainda é fruto da incerteza do mercado sobre quais empresas serão vencedores na era da IA, mas ele disse acreditar que o histórico e a consistência da CI&T farão o valor do papel convergir no longo prazo.
“Eu acho que, tirando as big techs, o mercado em geral ainda está bastante carregado de dúvidas. Mas nós somos a empresa que mais cresce e que tem mais consistência na nossa categoria. É um jogo de paciência,” disse.