Pelo menos cinco gestoras internacionais estão em conversas finais com o Banco do Brasil para comprar uma participação majoritária na BB DTVM, a subsidiária do banco que administra R$ 1,1 trilhão em recursos de terceiros, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

Excluindo fundos que fazem a gestão de caixa de estados e municípios, a BB DTVM administra cerca de R$ 750 bilhões e é a maior gestora de investimentos do País.

Alguns interessados já enviaram ofertas vinculantes, e o BB deve escolher o novo sócio até o final deste mês. A partir daí, as duas partes começarão a desenhar os contratos finais, o que pode levar meses.

Como em todo processo de M&A, não há garantias de que haverá acordo. O BB tem mantido o TCU informado sobre a potencial transação desde o início do processo em 2019.

Desde o início do Governo Bolsonaro, a ideia sempre foi trazer um sócio estratégico para aportar um know-how de produtos que a BB DTVM não tem hoje e, com isso, valorizar ainda mais o ativo. 

Mais adiante, o banco terá a opção de vender sua participação restante ao sócio ou via um IPO, capturando os ganhos advindos da parceira.

O Banco do Brasil está sendo assessorado pelo Rothschild, liderado no Brasil por Luiz Muniz, um banqueiro com vasta experiência em transações no setor financeiro.

Ao enviar os pedidos de proposta, o BB definiu critérios como o tamanho do potencial comprador (definido como um volume mínimo de ativos sob gestão) e estabeleceu uma faixa de valuation que levou em conta a rentabilidade e o histórico de performance de cada linha de produto oferecida pela BB DTVM.  

O BB também definiu que não aceitaria proposta de bancos, porque estes concorrem com seu core business.

A decisão de vender o controle da BB DTVM vem num momento em que a indústria de gestão de fundos enfrenta forte compressão de taxas de administração e margens, impondo a escala como determinante da rentabilidade.

A potencial transação também acontece em meio a uma crescente especialização do mercado: se antes a distribuição de fundos e a gestão estavam no mesmo banco, hoje as plataformas se especializaram em distribuir, e os gestores estão cada vez mais focados na seleção de ativos.

Nos EUA, grandes bancos comerciais já venderam suas operações de gestão de recursos para companhias como a BlackRock e partiram para um modelo de arquitetura aberta.

O processo de venda do controle da BB DTVM vem num momento em que o banco, assim como a Petrobras, sofre tentativas de ingerência do Planalto.  

O Presidente Bolsonaro mandou parar um programa de demissão voluntária e um plano de fechamento de agências, o que amarraria as mãos do BB num mercado em que todos os concorrentes têm adotado as mesmas medidas.

O conselho do banco ignorou as declarações e determinou que a gestão continuasse buscando apenas o interesse do banco.

As intervenções do Presidente Bolsonaro — a maioria  feita em público — violam a Lei das Estatais, que veda qualquer interferência do Governo que prejudique ou influencie na capacidade da empresa de competir. Também são um assalto à Lei das SA, que proíbe o controlador de satisfazer seus interesses particulares por meio da companhia.

O Planalto pretende trocar o comando do banco nos próximos dias.