Nicola Calicchio – que trabalhou 29 anos na McKinsey e teve uma breve passagem pelo Softbank – acaba de assumir como chairman da Cimed, um movimento do controlador João Adibe Marques para fortalecer a governança da farmacêutica e prepará-la para um crescimento acelerado nos próximos anos.
Até agora, o conselho da Cimed era composto por seis pessoas, todos executivos da empresa – incluindo os dois controladores (Adibe, que também é o CEO, e sua irmã Karla Marques, a vice-presidente).
“Hoje o conselho e a diretoria se confundem. São fóruns diferentes, mas são as mesmas pessoas,” Nicola disse ao Brazil Journal. “Os controladores sabem que isso não vai funcionar – que o que trouxe a empresa até aqui não vai levá-la para o próximo estágio.”
Com a entrada de Nicola, o conselho da Cimed passa a ter sete membros. A ideia, segundo ele, é trazer outros conselheiros independentes nos próximos meses, o que poderá ser feito com o aumento do conselho ou a substituição de membros atuais.
A nova governança busca preparar a Cimed para movimentos maiores nos próximos anos, incluindo um IPO ou um M&A transformacional.
Nicola disse que vê a Cimed como uma consolidadora de um setor que tem uma tendência secular de crescimento mas ainda é extremamente fragmentado. (Nenhum dos líderes do mercado tem mais de 10% de share no Brasil).
“A Cimed é uma empresa com altíssima geração de caixa, baixíssima alavancagem e com controladores com uma ambição muito grande de serem os maiores,” disse o novo chairman. “É uma combinação perfeita!”
A Cimed fez uma receita de R$ 1,5 bilhão no ano passado com um EBITDA de R$ 403 milhões e um lucro líquido de R$ 255 milhões. A geração de caixa foi de R$ 216 milhões e a alavancagem está em cerca de 1 vez o EBITDA.
Diferente da maioria das farmacêuticas, a Cimed opera com um modelo de distribuição própria com foco nas farmácias independentes. “Isso permite que ela acesse o Brasil profundo, que é o Brasil que mais cresce,” disse Nicola. “Esse modelo também dá muita agilidade e um potencial de alavancagem de crescimento muito grande.”
Outra avenida de expansão é o portfólio de produtos. A Cimed só compete em 30% dos medicamentos vendidos nas farmácias, e pretende aumentar seus esforços de P&D – ou fazer M&As – para penetrar nos 70% restantes.
Nicola disse que ficou “muito impressionado” com a visão de crescimento dos controladores, que querem fazer da empresa “a maior e melhor do Brasil,” disse ele.
Além da Cimed, Nicola é conselheiro da Península e senior advisor do Morgan Stanley.