O BTG Pactual iniciou a cobertura da CI&T recomendando a compra do papel e dizendo que a consultoria de transformação digital “vive um momento de calmaria antes do tsunami.”

O tsunami, no caso, é a demanda reprimida das empresas por investimentos em TI, agora turbinada pela inteligência artificial.

O BTG tem um preço-alvo de US$ 8, um upside potencial de 55% sobre o preço de tela. 

“O mar normalmente retrocede antes do tsunami, o que é precisamente a situação na qual a CI&T se encontra hoje,” escreveu o analista Osni Carfi. “Seu crescimento (que historicamente foi forte) foi fraco em 2023, com o setor passando por uma ressaca depois de um período de muito investimento seguido por incerteza macroeconômica.”

Osni nota, no entanto, que períodos de baixos investimentos das empresas tendem a ser seguidos por uma forte demanda, já que “o que as companhias precisam fazer para continuar atualizadas em tecnologia não pode ser postergado.”

Além disso, as disrupções sempre significam mais demanda para empresas como a CI&T. O analista diz que esse foi o caso com os adventos da computação em nuvem, do ecommerce, do mobile app e da blockchain. Para ele, com a inteligência artificial não deve ser diferente. 

A CI&T já provou que é capaz de surfar essas tendências — e seu crescimento mostra isso. A receita cresceu de R$ 14 milhões em 2004 para R$ 96 milhões em 2010, R$ 330 mi em 2015 e R$ 2,2 bilhões no ano passado. O CAGR dos últimos cinco anos foi de 37%, e de 29% nos últimos dez anos — quando a receita cresceu 13 vezes, em reais. 

Para o BTG, esse forte crescimento tem a ver com dois fatores. O primeiro é a estrutura organizacional da empresa, que oferece aos clientes o melhor dos dois mundos — “uma companhia grande e sólida com o vigor de um player jovem e inovador.”

“Outra razão para um crescimento tão forte é o mercado gigantesco em que ela opera,” segundo Osni. 

O mercado global de transformação digital é estimado em US$ 1,8 trilhão e deve crescer dois dígitos altos nos próximos cinco anos. Desse mercado, a CI&T e todos os players listados (Globant, EPAM, Endava, ThoughtWorks e Grid Dynamics) têm um share de apenas 0,5%. Mesmo considerando os gigantes tradicionais do mercado de TI (Accenture, Infosys e Tata), o market share não passa de 10%. 

Para completar, a empresa está barata “por todos os ângulos”, na visão do BTG.

A ação negocia hoje a 13,5x o lucro estimado para o ano que vem, o múltiplo mais barato entre todos os peers listados. Nas contas do BTG, as empresas tradicionais de serviços de TI negociam a uma média de 24x, enquanto os digital specialists negociam a 28x. 

“O P/L histórico de 12 meses para frente dos digital specialists mostra que, a 13,5x, a assimetria é super positiva para a CI&T,” escreveu o BTG. “Globant, Endava, ThoughtWorks e Grid Dynamics nunca negociaram abaixo de 14x.”

A companhia vale US$ 700 milhões na NYSE. O papel, que saiu a US$ 15 no IPO em novembro de 2021, fechou ontem a US$ 5,17.