O setor elétrico está tendo uma rara boa notícia: as chuvas que caem com muita frequência desde outubro e aumentaram a partir de dezembro estão causando uma quebra de tendência.
Depois de cinco anos consecutivos com queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste em janeiro, 2022 não apenas terá um aumento enorme (mais de 14 pontos sobre 2021) como poderá chegar próximo ao nível de 2016 (44%).
“La Niña é uma senhora de palavra: ela entrega o que promete,” diz Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), referindo-se ao fenômeno meteorológico que está causando a chuva no Norte do País.
Na quinta-feira, a Eletronorte estava com 20 das 23 comportas que compõem a hidrelétrica de Tucuruí abertas, para manter a segurança da barragem no Rio Tocantis.
Segundo a empresa, o nível do reservatório está em 68 metros, quando o máximo permitido é de 74 metros com 20 comportas abertas.
Belo Monte, no Rio Xingu, está com todas as turbinas operando.
Felizmente para as elétricas, a Natureza está corrigindo os erros de Dilma e Bolsonaro juntos.
Dilma foi a autora da famigerada MP 579, que na tentativa de baixar na canetada o preço da energia em 20% esvaziou os reservatórios das hidrelétricas e quase quebrou o setor elétrico, deixando uma conta de R$ 100 bilhões para os consumidores.
Já Bolsonaro demorou a tomar as providências ignorando a seca que já se anunciava no final de 2020, forçando o País a conviver com a bandeira vermelha da escassez hídrica.
O País acionou tardiamente as térmicas e só se salvou do racionamento porque o PIB é um PIBinho e porque as chuvas (inesperadas) vieram em outubro, abaixando as temperaturas no Sudeste.
As chuvas – que não param – podem aliviar a inflação. A tarifa de energia elétrica foi o grande vilão do aumento do IPCA em 2021.
Para Adriano Pires, o Governo tem espaço para deixar de cobrar a bandeira vermelha a partir de fevereiro. (A expectativa hoje é que a bandeira vermelha acabe em abril, o fim do período seco.)
A curva de juros agradece.
O fim de semana também trouxe outras duas notícias bullish para o mercado na segunda-feira: o CEO da Petrobras, General Silva e Luna, deu uma entrevista exemplar, como há muito não se via de um membro deste Governo.
Silva e Luna assegurou que a política de preços de combustível no Brasil continuará seguindo a paridade internacional.
Finalmente, o líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros – que semana passada horrorizou a Faria Lima ameaçando o Teto de Gastos – pedalou para trás, e agora defende que o Governo não conceda o aumento aos policiais militares, o que tem causado pressão de várias outras categorias do funcionalismo.
Na tarde de hoje, o próprio Bolsonaro disse que ainda não decidiu se haverá aumento, colocando o proverbial gato no telhado.