Depois de bater em US$ 120 dez anos atrás, o barril de petróleo hoje negocia ao redor de US$ 62 e, “no ano que vem, está ameaçando bater em US$ 50,” a CEO da Petrobras disse durante a PRIO Conference, realizada pela PRIO com curadoria do Brazil Journal.

“Este é o momento que estamos vivendo hoje, que a indústria de petróleo está vivendo. Estamos a 75% do preço de petróleo que tínhamos um ano atrás, quando o barril estava em US$ 83. Nossa remuneração reduziu muito, e se não fizermos um trabalho forte de redução de custos, de aperto, de responsabilidade financeira, vamos fracassar,” disse a CEO. “Mas se a indústria de petróleo fracassar, quem vai fracassar é o Brasil, porque 44% de toda a energia primária do país vem da gente.”

Na conferência, que aconteceu na sede da PRIO no Rio de Janeiro, Magda fez uma provocação, lembrando do exemplo do Reino Unido, que aumenta e diminui os tributos cobrados das petrolíferas que exploram o Mar do Norte dependendo do momento do setor. 

Quando o ambiente e o preço do barril melhoram, o imposto aumenta. Quando piora, o Governo reduz os tributos.

Magda Chambriard

“Se faltar dinheiro para todo mundo e vierem buscar aqui [no setor de petróleo], tem que vir com muita moderação e responsabilidade,” disse a executiva. 

Magda criticou ainda a MP 1304, que aumentou o preço de referência do Brent na cobrança dos royalties pagos pelas empresas aos Estados, municípios e União. 

“Essa MP nos incomodou muito,” disse ela. “O aumento do preço de referência não é necessariamente ruim. Fui eu que comecei isso lá atrás [quando era diretora da ANP], mas tinha a ver com o pré-sal,” disse ela. “Mas a regulação tem que ser viva e acompanhar o momento histórico em que ela está regulando. Lá atrás o preço do barril estava em US$ 120. Hoje está em US$ 62. É metade do valor.”

Segundo ela, aumentar o tributo no pré-sal, que produz muito, é uma coisa. “Mas se aumentar na Bacia de Campos [que tem um custo de extração mais alto], vamos prejudicar muitos projetos. Se fizermos isso com gás, não vamos ter desenvolvimento do gás. Não é viável.”

A executiva comentou ainda a necessidade de aumentar as campanhas exploratórias para garantir a reposição das reservas. “E o máximo que estamos olhando é para a Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas… Quem descobre petróleo é a broca: temos que furar e temos que torcer, porque não é líquido e certo. Temos que diversificar a exploração.”

Sobre a transição energética, Magda notou que muitos dos projetos de renováveis têm taxas de retorno muito baixas e que não fazem sentido quando colocadas na ponta do lápis. 

“Quem vai pagar um projeto solar com 10% de TIR? Ninguém paga isso. Quem vai pagar um projeto de eólica com 11% de TIR? Ou um projeto de hidrogênio que não tem contrato de offtake? Ninguém paga,” disse a CEO. 

“Agora, o etanol tem projeto chegando a 15%. Aí começa a ficar bom. Tem projetos de biodiesel que são igualmente bons. Esses dá para pagar.”

Apesar dos desafios de retorno em renováveis, Magda disse que a meta da companhia é que os renováveis representem um terço da energia gerada pela Petrobras em 2050, em comparação a uma parcela ínfima hoje.