O Casino, Nelson Tanure e Ronaldo Iabrudi — que juntos têm a maioria do capital do Grupo Pão de Açúcar — chegaram a um acordo para eleger o novo conselho do varejista.

O acordo é específico para a eleição do conselho, e não um acordo de acionistas mais amplo. 

O novo board vai apoiar o plano estratégico da companhia, priorizando a redução da dívida e a venda de ativos non-core

10268 37c69595 609c 0000 0000 0c98b86fda9fComo parte do acordo, o Casino vai nomear três conselheiros; Iabrudi e Tanure, dois cada; e haverá ainda dois independentes.

O Casino está indicando Christophe Hidalgo, que será o vice-chairman; Esther Helene, a diretora de M&A do Casino em Paris; e o CEO Marcelo Pimentel.

Iabrudi indicou a si mesmo, e será o chairman, e Líbano Barroso, o ex-CEO da TAM, Rodobens e Via Varejo e ex-vp de logística do GPA.

Tanure indicou Pedro Borba (um advogado que o assessora há anos) e Rodrigo Tostes, CFO da Light.

Os independentes serão Eliana Ambrósio Chimenti, uma ex-sócia do Machado Meyer que também está nos boards da Hypera e B3; e Sebastian Dario Los, CEO do Cencosud Brasil até o ano passado.

Desde que o GPA fez um follow-on, há um ano, a companhia passou por uma mudança relevante em sua base acionária, com Tanure comprando 10% do capital.

O Casino ainda é o maior acionista, com 22,5%; Iabrudi tem 5,6% (mas uma série de investidores ligados a ele tem outros 11%). O resto do capital está pulverizado, principalmente com investidores de varejo – com exceção da gestora Nuveen, que tem cerca de 8%. 

10236 0379bd33 8e69 0000 000e 2c8eb4672b61“Operacionalmente, a companhia vai muito bem e estamos muito satisfeitos com a gestão do Marcelo,” disse Iabrudi, que foi chairman e CEO da companhia quando o GPA era controlado pelo Casino. “Agora, queremos acelerar e aprofundar a execução do plano estratégico.”

A primeira fase do turnaround do GPA focou na melhoria operacional e na venda de ativos, que levantou R$ 2,2 bi. Com isso e o follow-on, a companhia já saiu de uma alavancagem de 9x EBITDA para 1,6x.

Agora, o plano é continuar vendendo ativos non-core e lidar com as contingências do grupo, que totalizam R$ 10 bilhões (90% delas na esfera administrativa). O GPA também tem mais de R$ 2 bi de créditos tributários. O objetivo final: reduzir a dívida, que destrói valor com a Selic a 14%.

Hoje o GPA faz um EBITDA de R$ 800 milhões, mas gasta R$ 600 milhões servindo uma dívida bruta de R$ 4 bilhões. (A posição de caixa está ao redor de R$ 2,6 bi). 

“Queremos fazer uma simplificação da estrutura e fazer a empresa voltar ao lucro com o apoio de todos os acionistas,” Iabrudi disse ao Brazil Journal.

No follow-on de um ano atrás, o GPA levantou R$ 700 milhões a R$ 3,20 por ação. Hoje o papel negocia ao redor de R$ 2,70 e a companhia vale R$ 1,3 bilhão na Bolsa, com a ação caindo 4,5% nos últimos doze meses.