O Carrefour Brasil disse hoje que está estudando cindir  seus ativos imobiliários e colocá-los numa nova empresa – um movimento que criaria um gigante com mais de 450 empreendimentos e lucro operacional líquido de R$ 1,5 bilhão.

A ideia do carveout, que começou a ser avaliado internamente há um ano, é “destravar valor desses ativos e acelerar o desenvolvimento de novos,” o CFO David Murciano disse ao Brazil Journal

“Esses ativos já têm muito valor, e alguns se apreciaram muito nos últimos anos, mas achamos que isso não está precificado na nossa ação,” disse David. “O mercado não está pagando por tudo isso.”

Assumindo uma faixa de cap rate entre 9% e 14% – em linha com o múltiplo das empresas de property listadas na B3 – a Goldman Sachs estima que a nova empresa poderia valer de R$ 11 bilhões a R$ 17 bilhões de enterprise value – o equivalente a 20% a 32% do EV atual do Carrefour Brasil. 

O Carrefour Brasil é dono de uma pequena fração de suas 1.100 lojas e quatro shoppings centers (o Shopping Pamplona, o Shopping Butantã, o Boulevard Shopping Brasília e o Paseo Joinville), além de alugar pontos para lojistas em 370 galerias dentro de seus hipermercados.

Os ativos que estão hoje dentro do Carrefour Property, o braço imobiliário do grupo, serão reunidos com as lojas do Atacadão e do BIG e incorporadas à nova empresa imobiliária. 

Depois disso, o Carrefour vai cindir essa nova companhia e vender uma participação minoritária a um investidor estratégico. Segundo David, a ideia é que a oferta seja uma mescla de primária e secundária. 

O Carrefour tem buscado oportunidades para rentabilizar seu braço imobiliário com projetos para além do varejo. 

Há um ano e meio, por exemplo, a rede varejista lançou um complexo multiuso de mais de R$ 3 bilhões de valor geral de vendas junto com a WTorre, usando um terreno de 60 mil metros quadrados que pertencia ao Carrefour. 

A ideia é fazer mais projetos desse tipo após o carveout, diversificando o portfólio imobiliário do grupo com empreendimentos residenciais e comerciais. 

“Queremos acelerar esse movimento e já temos um landbank muito relevante que podemos usar para fazer esses projetos,” disse o CFO. A ideia é que o carveout aconteça ao longo de 2023. 

O Carrefour Brasil também disse hoje que vai acelerar a expansão do Atacadão abrindo 28 atacarejos por ano em 2023-2026, comparado a 20/ano nos últimos quatro anos. Com este plano, o Atacadão deve ultrapassar 470 lojas (incluindo as conversões de lojas BIG).

A ação do Carrefour Brasil respondeu bem às duas notícias; o papel chegou a subir 5% depois do anúncio. No início da tarde, a alta era de cerca de 3%, com o varejista valendo perto de R$ 40 bilhões na Bolsa.