A notícia que o CADE teria dado uma segurada na avaliação da fusão entre Petz e Cobasi mexeu com as ações da companhia de Sérgio Zimerman.

O superintendente-geral da autarquia, Alexandre Barreto, assinou hoje uma emenda solicitando mais informações às empresas sobre a fusão e o mercado.

Internamente, tanto na Petz quanto na Cobasi, a notícia foi recebida com naturalidade. Segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal que estão participando da transação, o prazo que a companhia trabalha para a aprovação do deal é de 6 a 11 meses, a partir de agora.

Isso porque, até agora, o prazo de 240 dias estabelecido pelo CADE para aprovar ou rechaçar a fusão ainda não começou a rodar.

O CADE funciona da seguinte maneira: antes da notificação (que dá início ao prazo de análise), existe uma fase de “pré-notificação” em que as empresas conversam com a autarquia e enviam todos os dados necessários. Caso veja necessidade, o CADE pode pedir mais dados por meio de uma emenda. 

“É um processo comum, especialmente em um segmento que não tem dados tão consolidados, como é o do mercado pet,” disse uma fonte que faz parte da transação. “Então, não teve nenhuma ‘trava’ ao negócio, pois a avaliação nem começou de fato.” 

Segundo essa fonte, o CADE pediu informações adicionais e “simples de serem respondidas”. Entre elas estão o faturamento por loja, contatos de executivos, entre outros.

“À medida que as empresas passaram a falar com os investidores sobre o que de fato aconteceu, a própria ação começou a reagir,” disse.

Logo após a publicação da notícia, os papéis da varejista de produtos pet chegaram a cair 4,6%.

Com o decorrer do tempo, o papel se recuperou e fechou em alta de 0,45%, enquanto o Ibovespa subiu 0,69%. 

Porém, parte do mercado segue achando estranha a demora para o início da avaliação da transação pelo CADE.

O memorando de entendimento (MOU) da fusão entre Petz e a Cobasi foi assinado em abril deste ano. Quatro meses depois, as empresas selaram os termos do negócio, que fez com que os acionistas da Petz ficassem com 52,6% da empresa combinada, enquanto os da Cobasi teriam os 47,4% restantes. 

Na época, as empresas anunciaram sinergias de até R$ 330 milhões e não enxergavam grandes problemas no CADE dada a pulverização do setor e da concorrência cada vez mais acirrada com marketplaces como Mercado Livre e Amazon.

“Dado o tempo do anúncio, eu acho que esse caso já deveria estar sendo analisado pelo CADE. Está demorando muito,” disse uma fonte com conhecimento das burocracias da autarquia. 

Essa demora, na visão dos profissionais envolvidos na fusão, é explicada pela falta de dados consolidados do setor – mas uma fonte diz que a confiança de que o negócio será aprovado sem remédios amargos continua grande. 

“É normal que o CADE fique em cima, ainda mais por ser ligado ao varejo. Mas a tese é forte e vamos mostrar que não vai ser possível ter aumento de preços – se o cliente ver que está caro, ele vai para o online,” disse. 

A analista da XP, Danniela Eiger, disse que a emenda do CADE “pode ser um sinal de um approach mais cauteloso” a respeito da fusão. Eiger agora espera uma definição para o segundo semestre de 2025.