Há cada vez mais histórias de nova-iorquinos procurando casas no subúrbio para se mudar de Manhattan, tentando recomeçar a vida pós-covid num ambiente de menor densidade populacional.  

Uma corretora de imóveis disse à CBS que o interesse pela vida bucólica em lugares como Westchester e Greenwich foi “de zero a crazy” em apenas algumas semanas.

“Eu ouço muito [os clientes dizerem]: ‘A gente sabia que se mudaria pra cá daqui a um ou dois anos, mas agora, queremos isso pra já’,” disse Alison Farn-Leigh, corretora da Berkshire Hathaway em Greenwich.  

Segundo ela, os compradores costumavam botar na ficha cadastral que o espaço de home office na casa era ‘nice to have’;  agora, é um ‘must have.’

A FlatRate, uma companhia de mudanças, diz que o agendamento de mudanças dentro da cidade de Nova York caiu 30% entre 15 de março e 10 de maio, comparado com o mesmo período do ano passado. Até aí, tudo bem, deve ser a pandemia. Mas no mesmo período, os agendamentos de mudanças de NYC para Connecticut subiram 80%; Long Island, quase 60%; New Jersey, 43%; e para Westchester, 33%.

11038 d6ac8744 dd12 9586 204b 06d5be1b0dabA Bloomberg perguntou a Robert Shiller, o prêmio Nobel de Economia e um dos criadores do Case-Shiller Housing Price Index, se isso poderia virar uma tendência no mercado imobiliário.

“Às vezes eu acho que isso é a repetição de uma narrativa diferente. Em 1949, os russos na União Soviética testaram com sucesso uma bomba atômica, e também tinham mísseis em desenvolvimento — e isso gerou um êxodo em massa para os subúrbios nos EUA,” disse ele. “Pode ser algo como isso acontecendo agora.”

“Além das pessoas estarem com medo do próximo vírus ser muito danoso nas cidades centrais, muito do charme dessas cidades — que é o que atrai as pessoas — vai diminuir, como poder jantar em bons restaurantes e ir a museus e shows. Então, é possível que haja sim uma transição para o interior, especialmente se você está trabalhando de casa — se isso se tornar o novo normal, você não precisará se preocupar com o deslocamento.”

Shiller, no entanto, acredita numa resposta do lado da oferta. A alta de preços “não deve ser tão dramática porque há muitos lugares para construir afastados da cidade, o que deve segurar o aumento de preços nos subúrbios distantes.”

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Enquanto isso, proprietários de imóveis comerciais nos 5 distritos de Nova York, particularmente em Manhattan, continuam contando o prejuízo.

A Vornado Realty Trust, dona de alguns dos maiores prédios comerciais da cidade, disse que 80% de seus inquilinos do varejo atrasaram o aluguel no início de abril. Mas, no final do mês, a empresa já tinha recebido 53% dos aluguéis de lojistas. (Entre os inquilinos de escritório, 90% do aluguel havia sido pago no final de abril).

O adiamento dos aluguéis tem partido até das grandes redes. O Starbucks está pedindo concessões por pelo menos 12 meses a partir de junho.

As redes Dunkin’ Donuts, Shake Shack e Chipotle Mexican Grill também estão pressionando os donos de seus imóveis a adiar o aluguel ou renegociar preços.

A situação pode atingir em cheio os cofres da Prefeitura caso os proprietários de prédios não consigam pagar seus próximos impostos, em julho.