A ação da Vibra Energia está tão barata que se tornou um ‘deep value’ – negociando a apenas 11x o lucro estimado para este ano, disse o BTG num relatório reiterando a recomendação de ‘compra’.

A Vibra performou bem abaixo do mercado nos últimos 12 meses, perdendo 38% de seu valor de mercado enquanto o Ibovespa recuou apenas 13%.

O BTG diz que esse gap não faz sentido.

“Apesar da volatilidade nos preços e taxas dos combustíveis em 2022, que levaram a resultados voláteis, achamos que as distribuidoras de combustíveis incumbentes, como a Vibra, terão uma dinâmica mais favorável nos próximos anos,” escreveram os analistas Thiago Duarte e Pedro Soares. 

Para eles, o mercado está ignorando alguns importantes eventos que vão turbinar a geração de caixa da empresa neste ano. 

Partindo de um EBITDA de R$ 4,9 bi, o BTG estima que a companhia vai gerar R$ 2,7 bilhões de fluxo de caixa livre este ano, depois de pagar R$ 1,7 bi de despesa financeira, R$ 570 milhões em impostos e fazendo R$ 1,4 bi de capex.

Assumindo um crescimento de 1% no volume este ano – e preços de combustíveis 15% abaixo do ano passado, o BTG estima que a companhia vai poder trabalhar com R$ 530 milhões de capital de giro a menos. 

Além disso, o leilão da ES Gás – a distribuidora de gás natural do Espírito Santo na qual a Vibra tem 60% do capital – deve gerar um ganho extraordinário de pelo menos R$ 780 milhões para a companhia este ano, considerando o lance mínimo de R$ 1,3 bilhão. 

“Por fim, esperamos que a Vibra reconheça R$ 40 milhões em créditos fiscais por trimestre daqui para frente por conta da exclusão do ICMS do cálculo do PIS/Cofins,” escreveram os analistas. “Com tudo isso, acreditamos que a Vibra vai adicionar R$ 1,5 bilhão ao caixa, ou 9% de seu valor de mercado atual.”

Adicionando esse valor à geração de caixa recorrente da Vibra, o BTG chegou num free cash flow yield de 17% para 2023. 

O banco disse ainda que vê a alavancagem da empresa em 2-2,5x o EBITDA nos próximos 12 a 24 meses, o que deve permitir que a companhia distribua uma parcela maior da geração de caixa em dividendos. 

A ação da Vibra negocia hoje a R$ 14,35, com a companhia valendo R$ 16 bi na Bolsa. Um ano atrás, o papel valia R$ 24.