O BSI, banco suíço que o BTG comprou e agora está sendo forçado a vender, pode ser a peça que falta no tabuleiro de José Safra. A operação de private banking de ‘seu José’ está presente em vários cantões suíços, mas não é tão forte em Lugano, cidade onde o BSI reina soberano.
O jornal suíço Handelszeitung disse nesta quarta-feira que Safra chegou a um acordo com o BTG, sugerindo que a venda será anunciada em breve.
Safra tem sido um ávido comprador na Suíça. Há quatro anos, pagou 2 bilhões de francos pelo banco Sarasin, que pertencia ao Rabobank, tirando o doce da boca do Julius Baer, outro suíço que estava na disputa — e que agora, segundo o Handelszeitung, também chegou a negociar o BSI.
Em abril de 2014, o então já renomeado J. Safra Sarasin deu mais um passo: comprou a operação de private banking do Morgan Stanley na Suíça, que tinha 10 bilhões de francos sob gestão.
Pouco antes de comprar o Sarasin, Safra estudou o BSI pela primeira vez. Analisou o banco, mas acabou se decidindo pelo outro. Agora, já com uma escala maior e tendo do outro lado da mesa um vendedor apressado, as coisas parecem fazer mais sentido.
Em março do ano passado, Jacob Safra, filho de seu José, disse que o Safra Sarasin estava “perfeitamente posicionado para perseguir nossa estratégia de crescimento e ser um dos lideres na contínua consolidação da indústria” de private banking na Suíça. O Safra Sarasin administra cerca de 150 bilhões de francos suíços.
Historicamente, o BSI abriu seus cofres para o dinheiro não declarado de latino-americanos, incluindo políticos e celebridades brasileiras — you know who you are. No meio bancário, acredita-se que a Generali, seguradora italiana que controlava o BSI antes do BTG, fez um trabalho de ‘higienização’ no banco, ainda que seja impossível determinar o quão rigorosa a limpeza foi de fato.
Depois do 11 de setembro, a indústria de private banking teve que mudar. O segredo a qualquer custo, que sempre fora a alma do negócio, teve que dar lugar a políticas mais duras de ‘know your client’ para evitar que terroristas usassem os bancos para financiar o próximo ataque. Boa parte dos grandes bancos venderam suas operações para se distanciar deste novo risco regulatório.
Mas para o BTG, que estava expandindo seu negócio na América Latina, o BSI apresentava uma oportunidade única: uma plataforma de clientes que poderiam se tornar compradores de produtos estruturados pelo banco de André Esteves. O plano parecia fazer sentido, até que a Lava Jato mudou tudo.