A Cosan acaba de suspender o IPO da Compass citando um nível de demanda insatisfatório, um sinal de que a atual janela de IPOs está virtualmente fechada.

Aberto há duas semanas,  o book da Compass inicialmente teve um bom fluxo de ordens, mas o nível de interesse caiu substancialmente na semana passada com a deterioração do cenário externo — correção na Nasdaq, volatilidade da eleição americana e novas ondas da covid nos EUA — e a contínua saída de investidores estrangeiros da B3.

Por volta do meio-dia, a companhia tinha ordens suficientes para atender a oferta, mas determinou que o nível de demanda não garantiria um boa negociação do papel.

A Cosan disse aos bancos que não reduziria sua ambição de preço, que já considerava baixa.  No low da faixa que ia de R$ 25,50 a R$ 31,50, a Compass estava sendo avaliada a R$ 16 bilhões (pre-money.). A companhia disse aos bancos que pode esperar.

“Quando nem a Cosan, um dos melhores créditos do País e um dos melhores track records da Bolsa consegue captar, tá na hora de fechar o ano pra balanço,” disse um gestor informado da decisão.

A virada do mercado nas últimas semanas adiou as ofertas de Caixa Seguridade e Banco BR Partners. A Hidrovias do Brasil, que conseguiu sair na semana passada, precificou no ponto mais baixo da faixa e despencou no primeiro dia; a situação só não foi pior porque os bancos estabilizaram o papel.

A Cosan pretendia levantar R$ 3,2 bilhões para a Compass — sua recém-criada subsidiária para investimentos no setor de gás e energia — numa oferta 100% primária, e pretende ficar com cerca de 80% da Compass depois do IPO.

Os coordenadores são Itaú BBA (líder), Santander, Morgan Stanley, BTG Pactual, Citi e Bradesco.  Safra, UBS e XP também fazem parte do sindicato.