O ocaso da indústria de adquirência, tal como a conhecemos hoje, teve mais um capítulo nesta sexta-feira. 

No final da tarde, com o mercado já fechado, a Cielo anunciou que vai parar de dar guidance aos investidores e cortará seu dividendo para um pouco acima do mínimo regulatório.

A credenciadora — controlada por Bradesco e Banco do Brasil — vai distribuir apenas 30% do lucro referente ao segundo, terceiro e quarto trimestres deste ano.

É uma queda significativa em relação aos 70% do primeiro trimestre e um tombo ainda maior em relação a 2018, quando a companhia distribuiu um dividendo fixo de R$ 3,5 bilhões, superior aos R$ 3,2 bilhões de lucro do ano. 

O corte nos proventos consolida a metamorfose da Cielo de uma empresa com margens elevadas e forte geração de caixa para uma companhia mais sujeita à guerra de preços e à queda na rentabilidade, após novos entrantes terem mudado a dinâmica de competição no mercado de meio de pagamentos.

A Cielo vai descontinuar ainda a prática de dar guidance para o lucro do ano. No começo do ano, a companhia sinalizou um lucro de R$ 2,3 bilhões a R$ 2,6 bilhões, pelo menos 20% menor do que o do ano passado — e ainda assim, os resultados do primeiro trimestre frustaram, sinaliando que poderia haver um corte nas projeções.