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Depois de arrumar a casa no último ano, a Vibra Energia acaba de anunciar um ambicioso plano de expansão calcado em cinco alavancas de crescimento.
O CEO Ernesto Pousada disse durante o Vibra Investor Day que a empresa vai buscar a liderança incontestável em postos de serviço; ampliar a oferta para o segmento B2B; expandir a capacidade logística; conquistar o primeiro lugar em lubrificantes; e seguir investindo em energias renováveis.
Todo esse crescimento será feito com extrema disciplina financeira – apostando em negócios que gerem retorno financeiro.
“Não só temos resultados consistentes como queremos nos consolidar como a maior plataforma multienergia do Brasil,” disse Pousada. “Passaremos por uma nova etapa de crescimento, sustentando os resultados que conseguimos até aqui.”
A começar pela expansão dos postos de combustível: a Vibra – que já é a líder na rede embandeirada com 31% de market share – prevê não só a abertura de novas unidades como quer ampliar o portfólio de serviços oferecidos nos postos, além de auxiliar os órgãos responsáveis no combate à venda ilegal de combustíveis.
Segundo o CEO, a Vibra deve dobrar a quantidade de lojas BR Mania nos próximos anos, aumentando a penetração de sua loja de conveniência nos postos de 13% para cerca de 25%.
A previsão é que essa expansão represente um incremento nas vendas de 16% por posto que ganhar uma loja. “Estamos implementando um novo modelo, com lojas menores, de 15 m², que busca atender diretamente o que o cliente precisa,” disse Vanessa Gordilho, a vice-presidente de negócios, produtos e marketing.
Outra fonte de receita para a Vibra virá dos lubrificantes. Pousada disse que o mercado de lubrificantes é uma grande oportunidade para a companhia como um todo – especialmente quando se olha a rentabilidade. Nos últimos três anos, o EBITDA da Lubrax cresceu 35% e a meta da Vibra é dobrar este valor nos próximos anos por meio de parcerias com montadoras e concessionárias — e aumentando sua penetração na América Latina.
A ampliação da fábrica de lubrificantes da Vibra em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, será suficiente para suportar esse crescimento. Além de ser um motor para a área de lubrificantes, o B2B também deve representar ganhos para a Vibra no agronegócio. Isso porque a empresa vem investindo alto para capturar produtores, especialmente nos seis estados mais fortes no setor – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
“Temos 22% de market share neste mercado, quando a nossa média no Brasil é de 30%. Existe de fato uma oportunidade de uma distribuidora como a Vibra avançar no agro,” disse Pousada. A Vibra prevê atrair ainda mais clientes com produtos customizados e, principalmente, com o cross-sell. Nos próximos anos, companhia deve ampliar em 1,7x as vendas cruzadas de diesel e lubrificantes (36% para 60%) e na mesma proporção os produtivos aditivados (21% para 35%).
Com isso, a Vibra estima aumentar em 20% a base de clientes B2B e fidelizar 45% dos clientes B2B diesel (atualmente o percentual está em 30%).
Para chegar a esses números, a Vibra vem investindo em logística. De olho no cliente do agronegócio, por exemplo, a companhia aportou R$ 150 milhões em infraestrutura logística no Arco Norte, no Centro Oeste, além da região do Matopiba – e prevê R$ 300 milhões para novos investimentos nos próximos anos.
A ideia, disse Pousada, é que esses números possam ampliar ainda mais os ganhos da Vibra com eficiência logística. No ano passado, a empresa economizou R$ 101 milhões com menores custos de frete. Para isso, a empresa precisa ampliar seu footprint logístico. Isso vai acontecer, segundo o CEO, através da construção, aquisição e otimização de bases e terminais. Por último, a empresa quer avançar nos projetos de energia renovável – com foco naqueles que gerem mais retorno.
O CEO disse que neste primeiro momento as atenções da Vibra estão na captura de R$ 1,4 bilhão em sinergias com a Comerc – depois que a empresa comprou os outros 50% de participação no mês passado. Pousada vê oportunidades de crescimento em negócios asset light, como comercialização de energia e serviços de eficiência energética, aproveitando a expertise da Comerc nessas áreas.
A Vibra também vem fazendo apostas graduais em biometano – aumentando a capacidade de produção para 1 milhão de m³ – e no SAF (o combustível sustentável de aviação) por meio de parcerias com outras empresas. O mercado gostou do que viu no Investor Day. Em relatório aos clientes, os analistas da XP definiram o trabalho futuro da empresa como um potencial “legado” a clientes e investidores – especialmente ao enfrentar de frente a questão da venda de combustível ilegal.
“Em nossa opinião, a eliminação dessas distorções e a promoção da concorrência leal têm o potencial de melhorar muito a lucratividade do setor,” disse a XP. O Itaú BBA, por sua vez, disse que a Vibra convidou os investidores a olhar além do curto prazo – e aproveitou para revisar para cima suas estimativas. O banco vê a ação da Vibra negociando a R$ 34 no fim de 2025 – um upside potencial de 33% em relação ao preço de tela.