Itaú Unibanco tem uma carteira de crédito de mais de R$ 1 trilhão, a maior do Brasil. A Alpargatas vende 260 milhões de Havaianas por ano: um par para cada brasileiro.

A CCR opera concessões relevantes de rodovias, aeroportos e metrôs que conectam todos os cantos do País. Já a Copa Energia e a Aegea abastecem milhões com gás liquefeito, água e esgoto.

No total, todas as investidas da Itaúsa – que incluem ainda a Dexco e a NTS – respondem por cerca de 12% do PIB do País e empregam 152 mil pessoas (o suficiente para encher dois Maracanãs).

“São marcas fortes, muito grandes e que têm uma presença muito relevante na vida e no dia a dia dos brasileiros,” o CEO da Itaúsa, Alfredo Setubal, disse durante o Panorama Itaúsa, o evento anual da empresa para investidores.

Este portfólio – que engloba alguns dos setores mais vitais da economia – foi construído ao longo dos últimos sete anos, desde que a Itaúsa decidiu diversificar seu portfólio para além do setor financeiro. Hoje, a holding tem 85% de sua receita vinda do Itaú e o restante desses novos negócios.

Segundo Alfredo, a ideia da companhia é criar grandes plataformas de crescimento em setores fundamentais para o desenvolvimento do Brasil.

“Procuramos empresas que são líderes do setor, que tenham marcas muito relevantes e sócios alinhados com os valores da Itaúsa,” disse o CEO.

Alfredo disse que 2023 será um ano difícil para o País.

“Os desafios são grandes. Vivemos momentos de incerteza, com inflação alta, juros crescentes em todo o mundo, recessão na Europa e provavelmente nos EUA. Isso tudo tem impacto no Brasil,” disse ele.

Ainda assim, segundo ele, há oportunidades de crescimento em todos os negócios da holding, dado que as empresas estão “sólidas e pouco endividadas.”

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O Itaú, a âncora do portfólio, deve ter um crescimento importante da carteira de crédito, bem como acelerar os investimentos no digital e em sua estratégia de ‘centralidade do cliente’. A Alpargatas deve continuar perseguindo sua estratégia de internacionalização, que ganhou força com a compra da Rothy’s há um ano.

Na Copa Energia – a dona da Copagaz e Liquigás – Alfredo disse que vê oportunidade para entrar em energias renováveis, diversificando a atuação da empresa para além do gás liquefeito (GLP).

Já na CCR e Aegea, as inúmeras oportunidades de crescimento vêm tanto das concessões já ganhas quanto de novas concessões que virão a mercado nos próximos anos. Waldo Perez, o CEO interino, CFO e DRI de CCR, disse no evento que existem mais de R$ 130 bilhões em investimentos a serem licitados (só em rodovias).

Mesmo a Dexco – dona de marcas icônicas como Duratex, Deca e Hydra e que atua em um setor sensível aos juros e ao PIB – já tem um crescimento contratado, segundo Alfredo.

“Claro que a Dexco sofre. O juro impacta. Mas a empresa está muito capitalizada e com baixíssimo endividamento,” disse o CEO da Itaúsa. Além disso, “a partir do ano que vem a LD Celulose [a JV da Dexco com a Lenzing que atua em celulose solúvel] já vai operar a plena carga.”

Ele disse ainda que a empresa está investindo muito para buscar ter uma capacidade maior de automação num setor onde a fabricação ainda é quase artesanal. “Muitas louças ainda são feitas na mão, peça por peça.”

Alfredo falou também sobre as perspectivas para o pagamento de dividendos, um dos assuntos mais questionados pelos 920 mil acionistas pessoa física da companhia.

Segundo o CEO, a Itaúsa está passando por um vale, no qual as empresas do portfólio estão fazendo grandes investimentos e desalavancando seus balanços, assim como a própria holding. O Itaú também está distribuindo menos dividendos porque a carteira de crédito está crescendo.

“Essa redução [no dividend yield] é por uma boa causa,” disse Alfredo. “Os acionistas estão ficando patrimonialmente mais ricos, porque o patrimônio da holding está crescendo, mas com um fluxo de caixa momentaneamente menor.”

Outro assunto prioritário para a Itaúsa é a pauta ESG, que está sendo endereçada por meio de três pilares: as ações diretas da holding, como a recente criação do Instituto Itaúsa; a influência da Itaúsa em suas investidas, com cobrança e metrificação das pautas ESG; e a governança, que Alfredo diz ser “a base de tudo.”

“Se tivermos uma boa governança interna na holding, isso acaba sendo passado às empresas do portfólio,” disse o CEO. “Queremos que o ESG seja uma alavanca de crescimento das empresas e não só uma obrigação, um modismo.”

A íntegra do evento está disponível no YouTube de Itaúsa.

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