O Brasil é extremamente dependente do modal rodoviário para o transporte de cargas.

Hoje, 63% do volume da produção nacional viaja em caminhões — o que cria uma série de obstáculos. Do lado da infraestrutura, nada sugere que esse cenário mudará radicalmente, então o caminho é focar na produtividade dos ativos existentes.

No Brasil, aproximadamente 40% da frota circula vazia. Sem frete de retorno e com muitas ineficiências nos pontos de carga e descarga, os custos aumentam e a produtividade desaba.

Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, a produtividade no setor de transportes é de apenas 22% se comparada ao sistema logístico norte-americano.

O principal reflexo está no custo dos transportes, em especial nos gastos com combustível. Se na média o custo com diesel representa 35% do gasto operacional, nos trechos longos, esse percentual muitas vezes passa de 50%.

A conta pesa e os custos logísticos representaram, segundo o Ilos, mais de 13% do PIB brasileiro em 2022 contra menos de 8% nos Estados Unidos. Este custo é repassado para o bolso de nós consumidores, mais um ponto do famoso ‘custo Brasil’.

Mas além dos altos gastos, outros indicadores como o alto índice de acidentes e a poluição ambiental também impactam a nossa sociedade.

No Brasil, 62% dos leitos de traumatologia dos hospitais estão ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. Quase 50% das mortes nas estradas são causadas em acidentes com envolvimento de caminhões, o que representa mais de 2,5 mil vidas perdidas por ano – o equivalente a 28 aviões comerciais lotados.

Outro problema é a questão ambiental. Quanto mais caminhões circulando, maiores os danos ao meio ambiente, além do impacto no trânsito.

Os transportes contribuem com 25% das emissões globais de gases do efeito estufa e os veículos de carga aparecem em segundo lugar no ranking, com 21% das emissões de CO2, perdendo apenas para os veículos leves.

Um cenário tão complexo requer medidas inéditas, capazes de acompanhar as transformações no ambiente corporativo, atender às exigências dos consumidores e otimizar a cadeia de suprimentos.

A saída, segundo especialistas, passa pela criação de uma rede de colaboração entre os elos da cadeia logística.

Com mais de 26 anos de experiência em supply chain, Vasco Oliveira, que participou da fundação e foi presidente da ABOL (Associação Brasileira dos Operadores Logísticos), diz que a maior mudança está em transportar mais carga em menos viagens, num menor tempo.

Com menos caminhões em circulação nas estradas, a segurança no trânsito aumenta, milhares de vidas são salvas, a poluição atmosférica diminui, é possível reduzir os custos logísticos e fazer entregas mais rápidas – um desejo de 10 entre 10 consumidores.

Segundo Vasco, isso tudo só é viável com o uso de sistemas totalmente integrados, a exemplo de um TMS (Transportation Management System), de um YMS (Yard management system) que agilize processo de carga e descarga, e um Super App na mão de todos os motoristas de carga do País.

Soluções como essas, gerenciadas através de torres de controle logístico, são capazes de aumentar a visibilidade operacional e fornecer informações em tempo real, além da automação completa das operações.

Tornar a cadeia logística mais colaborativa é o ponto de partida para reduzir os desafios.

Na avaliação do CEO da nstech, Vasco Oliveira, o setor precisa de uma rede de colaboração que envolva a indústria, operadores logísticos, transportadores, motoristas, distribuidores, varejistas, seguradoras, corretores de seguro, postos de combustível e todos os demais elos da cadeia de suprimentos.

“Para transformar a cadeia logística em um ecossistema eficiente e colaborativo, precisamos investir em tecnologias que viabilizem o aumento da produtividade, visibilidade e o compartilhamento de ativos. Se as empresas enfrentam os mesmos problemas, por que não colaborar e compartilhar as soluções?,” questiona o empresário.

A nstech vem dando o exemplo ao oferecer, em um só lugar, mais de 100 soluções logísticas de diferentes fornecedores. A empresa já investiu mais de R$ 1,5 bilhão para a criação dessa plataforma e de uma solução open logistics, capaz de integrar todos os sistemas dessa complexa cadeia.

“Não é a tecnologia que promove a disrupção digital, ela é apenas um meio. É a insatisfação dos clientes e o complexo cenário enfrentado pela cadeia de suprimentos no Brasil que estão pressionando todas as empresas a agirem em busca de um supply chain mais eficiente, flexível e resiliente,” afirma o empresário.

Com uma plataforma colaborativa e de soluções integradas, a nstech já conseguiu beneficiar mais de 60 mil empresas. “Se bem explorados, o compartilhamento e a colaboração são poderosas ferramentas para os negócios, sendo o supply chain cada vez mais uma fonte de vantagem competitiva das empresas, dado que pela cada vez mais alta complexidade, é muito difícil um concorrente replicar 100% todas variais de um sistema,” reflete Vasco.

O primeiro passo para colocar em prática uma rede de colaboração na cadeia de suprimentos é reconhecer os problemas e entender quais são os desafios específicos e quais são os estruturais, comuns a outras empresas do setor. A lógica é simples: se os problemas são compartilhados, por que as soluções não podem ser?

Unindo uma visão acadêmica por ter sido o único professor brasileiro associado em Harvard, aliado a experiência prática de consultor de grandes multinacionais globais, Thales Teixeira concorda. “As empresas têm problemas semelhantes, mas tem receio de colaborar umas com as outras ou faltam ferramentas e um agente idôneo para orquestrar diferentes demandas.”

Essas foram algumas das conclusões da dinâmica conduzida por Thales em conjunto com Leandro Guissoni, professor da FGV, e sócios da consultoria Decoupling no nsClub Diálogos, que reuniu grandes executivos das maiores empresas do Brasil, iniciativa que visa mudar esse paradigma e contribuir com a evolução do supply chain no Brasil.

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