Aluno mediano, Guilherme Benchimol desde cedo sentiu bastante as cobranças do pai sobre seu futuro profissional, amargou fracassos logo no início da carreira e tinha tudo para se conformar apenas com uma fresta de sol na areia das praias da zona sul do Rio de Janeiro, sua cidade natal.

Inquieto e persistente, o economista formado pela UFRJ decidiu brigar por um outro tipo de lugar ao sol — e hoje é um dos mais bem-sucedidos empresários do setor financeiro.

Na Raça, que acaba de sair pela Editora Intrínseca, conta a história da XP desde seu embrião e mostra como Benchimol e seus sócios tiveram de lidar com a falta de dinheiro, momentos tensos da economia como a quebra da Lehman Brothers em 2008, e vários lances arriscados ao longo da história da empresa até a venda de uma participação para o Itaú. A XP, que na época se preparava para o IPO, foi avaliada em R$ 12 bilhões.

A decisão de se render a um grande banco aparece como um dos momentos mais tensos na vida de Benchimol. Depois de receber a proposta em um encontro com Roberto Setúbal, Benchimol voltou para a empresa e disse a Júlio Capua, sócio e amigo:

— Cara, eles querem mesmo.

Incrédulo diante da alternativa, Capua disparou:

— Fodeu!

Escrito de forma independente pela repórter Maria Luiza Filgueiras, o livro usa uma série de boas histórias (nem sempre com final feliz) para mostrar como Benchimol e seus sócios abraçaram o lema de ‘transformar o impossível em possível’, e serve de inspiração para quem pensa em empreender ou para quem já escolheu esse caminho e sofre com as dificuldades.

A inspiração vem, por exemplo, dos detalhes relatados sobre a primeira grande decisão que Benchimol teve que tomar. Recém-demitido de uma corretora, ele se mudou para Porto Alegre, onde abriu seu primeiro escritório de agente autônomo, em 2001.

No prefácio, Jorge Paulo Lemann lembra que todos os empreendedores de sucesso são “fanáticos”. A paixão e a perseverançalevaram Benchimol até hoje a fazer mudanças quando necessário e a procurar alternativas quando a escolha se mostrou equivocada.

Nestes 18 anos, a XP passou por diferentes fases. Uma das primeiras apostas que se mostraram acertadas e garantiram a entrada de recursos em caixa foi o investimento em cursos para quem queria aprender a investir. Eram tempos tão difíceis que, depois de vender seu carro para manter a empresa aberta, Benchimol andava de ônibus ou fazia longos trajetos a pé para divulgar os cursos em Porto Alegre.

Anos depois, veio uma fase de euforia na Bovespa. Novamente, o empreendedor aproveitou o vento favorável para expandir os negócios por meio da diversificação de serviços. Foi nessa estratégia que os sócios decidiram montar um clube de investimentos. A ideia era boa, mas faltava know-how. Benchimol não teve dúvida: propôs a Julio Capua que aproveitasse a proximidade com a Dynamo, uma das mais respeitadas gestoras do País.  Em visitas frequentes à gestora, Capua via a carteira na tela do computador, copiava os nomes das empresas e assim tentava replicar o sucesso da concorrente. Um dia, ligou desesperado para Benchimol: “Os caras tiraram a tela aqui da Dynamo!”

Hoje, a XP tem mais de 800 mil clientes e cerca de R$ 300 bilhões sob custódia.

Na Raça já está nas livrarias.

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