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Na Motiva, a agenda ESG não é vista como mais um discurso bonito para agradar investidores: é uma questão de sobrevivência do próprio negócio.
Afinal, eventos climáticos extremos impactam diretamente nos ativos da companhia: podem interditar pistas, fechar aeroportos e paralisar linhas de metrô e trens urbanos.
Por isso, a empresa fez uma varredura completa dos riscos que permeiam o seu negócio. Neste ano, a companhia concluiu 5 mil planos de adaptação, mapeados quilômetro a quilômetro e estação por estação.
Além dos riscos, o estudo identificou cada ponto crítico e propôs intervenções. Por exemplo, um reforço em um trecho da rodovia sujeito a deslizamentos ou a aplicação de tinta refletiva em trilhos para reduzir a dilatação pelo calor.
“Não é só um diagnóstico,” disse a diretora de sustentabilidade Juliana Silva. “Nós precificamos o custo de não agir e agora vamos priorizar, com base no custo-benefício, quais planos entram no orçamento dos próximos anos.”
Para colocar tudo isso em prática e sustentar o plano, a Motiva criou um modelo de governança específico.
Hoje, esse modelo é um tripé: a Diretoria de Riscos, que consolida e monitora todos os riscos corporativos; a Diretoria de Sustentabilidade, que conduz a visão de longo prazo, alinhada a padrões internacionais; e a Diretoria de Segurança Corporativa e Resiliência Empresarial, responsável pela resposta operacional.
Tudo isso faz parte da Ambição 2035, plano estratégico para a próxima década, divulgado há dois anos.
Entre as metas estipuladas pela Motiva neste plano estão a neutralidade de carbono nos escopos 1 (emissões diretas) e 2 (relacionado ao consumo de energia) até 2035; abastecer 100% da frota leve com biocombustíveis até o fim deste ano (além de avançar na eletrificação dos veículos); suprir 100% do consumo dos seus ativos com energia renovável; e elaborar planos de resiliência climática para 100% dos seus ativos até o fim deste ano.
Os resultados já começaram a aparecer. A Motiva vai encerrar 2025 com uma redução de 55% das suas emissões de escopos 1 e 2, aproximando-se do cumprimento da meta de 59% de redução em 2033, aprovada pela Science Based Targets Initiative (STBi).
A companhia também antecipou em um ano a meta de usar apenas energia renovável em todas as operações – feito alcançado no final de 2024. Além disso, mais de 92% da frota leve já roda com etanol, e o plano prevê eletrificação de veículos operacionais e sistemas de refrigeração mais eficientes.
No tema de biodiversidade, a Motiva se tornou a primeira empresa de infraestrutura de mobilidade da América do Sul a aderir à iniciativa global Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD) e assumiu o compromisso No Net Loss – ou seja, a empresa assumiu que os impactos causados por seus ativos devem ser compensados de forma a garantir, no mínimo, neutralidade para os ecossistemas.
Para completar, neste mês, a Motiva anunciou a compra de 26 mil créditos de carbono da Reservas Votorantim, suficientes para compensar cerca de 9% das emissões de escopo 1 deste ano.
A operação foi apresentada na Climate Week NYC, ao lado da Coalizão para Descarbonização dos Transportes, iniciativa que a empresa lidera, com a participação de mais de 100 entidades setoriais.
Para dar sustentação a esse conjunto de metas, a companhia também reforçou sua governança: criou comitês com reporte direto ao Conselho de Administração, definiu responsáveis diretos para cada frente estratégica e foi pioneira ao emitir uma debênture de transição verde no setor de rodovias.
Um exemplo desse avanço da Motiva foi a decisão de se tornar sócia de três usinas eólicas no Piauí, o seu primeiro projeto de autoprodução por equiparação, responsável por fornecer energia limpa às operações metroferroviárias de São Paulo.
Outras iniciativas incluem o uso de fresado, reaproveitando resíduos de asfalto na pavimentação de rodovias, reduzindo emissões, e projetos de geração solar em rodovias.
Detalhe: esse conjunto de ações ajudou a Motiva a conquistar reconhecimentos na agenda ESG, como o ISE, ICO2, MSCI e o Selo Ouro do GHG Protocol.
“Quando falamos em sustentabilidade, estamos falando de garantir que a Motiva possa continuar existindo no futuro,” disse Juliana. “É uma questão de responsabilidade com o planeta, mas também de continuidade do nosso negócio.”






