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O rumo que a economia americana tomará no futuro governo de Donald Trump afetará todos os países, mas, no caso do Brasil, as definições domésticas deverão ter um peso ainda maior.
O assunto foi discutido por empresários, executivos e investidores na 14ª edição do CEO Forum, evento promovido pelo Bradesco BBI, nos dias 19 e 20 de novembro, em Nova York.
O “bode na sala” é a falta de um plano consistente de equilíbrio fiscal, o que tem pressionado o câmbio, a inflação e, por consequência, os juros, encarecendo o financiamento às empresas.
O cenário-base do banco indica que o governo conseguirá entregar um pacote fiscal consistente, capaz de equilibrar as contas públicas nos próximos anos.
“A vitória de Trump elevou o senso de urgência para a questão fiscal,” disse Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, lembrando que o cenário externo pode se tornar menos benigno para os mercados emergentes.
Se tivermos de fato um plano fiscal crível, a janela para aberturas de capital e um número maior de ofertas de ações deve voltar a abrir a partir do segundo semestre de 2025, afirmou Bruno Boetger, vice-presidente executivo de atacado do Bradesco BBI.
Enquanto isso, completou Boetger, o mercado de dívida tem sido uma alternativa interessante de financiamento para as empresas. “É um bom momento para emitir, com taxas comprimidas,” disse.
Na visão do executivo, as emissões de crédito privado, que bateram recorde neste ano, devem seguir fortes em 2025.
Para fazer frente à demanda, o BBI criou uma nova área de renda fixa e produtos estruturados, comandada por Felipe Thut.
Mais de 100 empresas
A 14ª edição do CEO Forum reuniu executivos de 102 empresas do Brasil e da América Latina – quase todos C-Level. Eles tiveram dois dias de encontros com gestores de algumas das maiores firmas de investimento do mundo.
A percepção é de que, de forma geral, os fundamentos das empresas estão sólidos, com resultados consistentes e alavancagem controlada.
Nos intervalos de almoço, um break na sequência de reuniões deu aos cerca de 300 presentes a oportunidade de relaxar.
No primeiro dia, os executivos ouviram Benjamin Zander, maestro da Orquestra Filarmônica de Boston e co-autor do livro The Art of Possibility – que, entre uma música e outra, falou sobre os desafios da liderança.
No dia 20, foi a vez de John McEnroe, ex-tenista número 1 do mundo. Bem-humorado, ele contou momentos icônicos (e alguns divertidos) da sua carreira, falou sobre a pressão da vitória e sobre a ansiedade da nova geração que faz aulas de tênis na sua escola.