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O ano de 2024 começou com ventos favoráveis para a economia brasileira, elevando a temperatura nos mercados e na busca dos investidores pelas empresas que melhor vão navegar a conjuntura mais benigna para a qual o País caminha.
A mudança no termômetro foi sentida durante a 10ª edição do Brazil Investment Forum, maior conferência anual do Bradesco BBI, que este ano aconteceu entre os dias 2 e 3 de abril em São Paulo.
Durante o evento, 150 empresas, 85% representadas por seus executivos C-level, se reuniram em mais de 1300 reuniões com investidores institucionais.
Para Felipe Thut, head do Investment Banking do Bradesco BBI, a alta demanda pelos encontros deixou claro que os investidores já estão olhando à frente do atual cenário de mercado.
“Embora ainda estejamos em um contexto de taxa de juros alta, mas em queda no Brasil, começamos a considerar os impactos do futuro corte dos juros nos Estados Unidos. Os investidores já querem entender como as companhias estão e como elas vão performar nesse ambiente de redução dos juros e da inflação,” disse.
A expectativa é que os juros mais baixos melhorem os earnings das empresas nos próximos trimestres, aponta Rui Marques, head de Global Markets do Bradesco BBI.
“Juros mais baixos significam custos menores para as empresas. Nesse estágio da economia, quem tende a se beneficiar são os setores cíclicos domésticos. E isso acontece em um momento que o nível de valuation da bolsa é baixo, ou seja, de preços descontados, abaixo da média histórica,” explica.
Ainda sobre o mercado de ações, Thut acredita que o cenário construtivo traz consigo a retomada dos IPOs no Brasil, as ofertas públicas iniciais de ações. Ele lembra que, apesar da incerteza sobre a queda dos juros nos Estados Unidos, o nível de atividade de IPOs no mercado norte-americano está muito acima do de 2023, que já havia superado o de 2022. “Agora, começamos a ver empresas da América Latina abrindo capital nos Estados Unidos. O próximo passo é empresas brasileiras fazerem IPO aqui,” disse.
Brasil e EUA em destaque
Além dos encontros, que bateram recorde de pessoas, o evento também foi palco de 24 painéis temáticos — inteligência artificial, infraestrutura, saúde, oportunidades no mercado de crédito, entre outros — e de sessões especiais, com alguns dos nomes mais relevantes do cenário doméstico e internacional.
A análise do cenário macroeconômico brasileiro ficou a cargo de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e de Roberto Campos Neto.
Durante sua exposição, o presidente do Banco Central destacou o processo de desinflação, que vem sendo marcado pela trajetória mais benigna da alimentação e por uma inflação de serviços mais resiliente, fruto de um mercado de trabalho mais forte. Ele ainda discorreu sobre as surpresas altistas em termos de atividade do PIB e a revisão para cima do PIB potencial, motivada pela agenda de reformas em curso.
Para falar sobre os Estados Unidos, Howard Marks, cofundador e copresidente do Conselho da Oaktree Capital, foi um dos convidados.
Dentre os tópicos abordados, ele comentou que a situação do mercado imobiliário do País, em especial a fatia dos escritórios, não representa um risco sistêmico para o sistema bancário dos Estados Unidos, uma vez que os empréstimos ao setor correspondem a uma parcela pequena na carteira dos grandes bancos, uma média de 5%, enquanto nos menores esse número chega a 30%.
Em relação ao Fed, o Banco Central Americano, e ao início do ciclo de afrouxamento monetário, Howard enxerga os juros elevados por mais tempo. Para os próximos anos, sua visão é de que as taxas de juros ficarão mais baixas em termos históricos, mas ainda acima do registrado no período entre os anos 2000 e 2021, quando elas estavam artificialmente baixas.
Sobre o mercado de ações, ele chamou a atenção para a disputa dos investidores por ações de tecnologia, em especial das empresas de inteligência artificial, e para o elevado nível de liquidez delas, comportamento que, em sua avaliação, tende a gerar uma distorção de preço, muitas vezes descolado dos fundamentos.
Sobre o Brazil Investment Forum
Desde o princípio, o Brazil Investment Forum (BIF) foi pensado como uma imersão para os participantes do mercado financeiro. Para tal, a conferência do Bradesco BBI, que neste ano celebrou sua 10ª edição, reuniu ao longo de dois dias alguns dos nomes mais relevantes da economia doméstica e mundial, além das principais companhias que atuam no mercado brasileiro. Além de proporcionar um espaço de debate qualificado, o BIF cumpre um papel essencial na construção de pontes entre empresas e investidores, sempre visando o desenvolvimento do País.