O Bradesco entregou um trimestre com uma expansão de receitas que pouca gente esperava.

O lucro chegou a R$ 5,9 bilhões no primeiro tri e superou o consenso de R$ 5,4 bilhões.

A alta foi de 39% em relação ao mesmo período de 2024 e de 9% no trimestre.

O ROE subiu para 14,4% – de 12,7% no quarto tri e 10,2% há um ano.

O top line – considerando crédito, margem com clientes, seguros e fees – surpreendeu.

A carteira de crédito cresceu num ritmo maior que o banco havia indicado: aumentou 2,4% no trimestre e 13% na comparação anual. O guidance para o ano prevê uma expansão de 4% a 8%.

O Santander, que publicou seu balanço semana passada, manteve a carteira estável no trimestre e reduziu a alta ano a ano de 6% para 4%, com o CEO Mario Leão citando o cenário macro complicado como um desafio para crescer.

Voltando ao Bradesco, a expansão do crédito foi puxada por PMEs e pessoas físicas – carteiras rentáveis, porém de maior risco.

O banco informou que a participação das linhas com garantia subiu de 54% no quatro tri para 57% no primeiro.

“Continuamos a reduzir nosso apetite ao risco, sem deixar de fazer bons negócios”, escreveu o Bradesco no balanço.

Isso teve um reflexo na margem com clientes, que aumentou 4% no trimestre e 15,5% na comparação anual.

O desafio é manter a inadimplência sob controle. A taxa acima de 90 dias ficou praticamente estável no primeiro tri.

As provisões caíram ano a ano, mas o número não é exatamente comparável em razão da entrada em vigor da Resolução 4966 da CVM, que altera regras de contabilização e conceitos de provisões para perdas de crédito.

“Este é um trimestre complicado em razão da 4966. Só vamos entender no detalhe como os bancos estão contabilizando algumas linhas mais para frente,” diz um analista do sellside.

Segundo esse analista, a ação do Bradesco caiu nos últimos dias porque o mercado passou a temer uma piora na qualidade dos ativos do banco – mas não foi o que o balanço mostrou.

A margem com mercado caiu como esperado em razão da alta da Selic, que prejudica os resultados da tesouraria em razão da marcação a mercado dos títulos públicos. Mas a queda foi menor que a projetada.

Com isso, a margem financeira aumentou 1% no trimestre e 14% ano contra ano.

Na seguradora, a receita foi de R$ 5,3 bilhões, uma alta de 33% na comparação anual, mas uma queda de 4% frente ao trimestre anterior.

O lucro da seguradora foi de R$ 2,4 bilhões, 4% menor que o do quarto tri, mas 25% maior que o de um ano atrás.

O ROE ficou em 22,4% – estava em 25% no quarto tri e em 19,8% há um ano.