O Bradesco anunciou uma parceria estratégica com o Banco Votorantim para criar uma gestora de investimentos independente. 

Com marca própria a ser definida ainda, a nova casa nasce com R$ 41 bilhões de ativos sob gestão e R$ 22 bilhões sob custódia no private banking – todos originalmente da BV Asset.

Por meio de sua controlada Kartra Participações (que tem foco em aquisições), o Bradesco está adquirindo 51% do capital da BV DTVM, que concentra a gestão de recursos de terceiros e o private banking do Votorantim. A BRAM, que tem R$ 545 bilhões sob gestão e é uma das maiores casas do mercado, não participa da transação.

O interesse do Bradesco na BV Asset está sobretudo nos fundos imobiliários e em produtos estruturados para os clientes de alta renda. Hoje a BV Asset é a 9ª maior gestora de fundos imobiliários, segundo ranking da Anbima. 

“A nova gestora trará uma complementaridade de produtos aos que são oferecidos hoje pelo Bradesco,” Roberto Paris, diretor executivo do Bradesco, disse ao Brazil Journal. Mais da metade dos recursos sob gestão do Bradesco estão alocados em renda fixa, a estratégia mais tradicional oferecida pelos grandes bancos. 

O Bradesco ressaltou que a nova gestora será independente e atuará com autonomia, o que não é muito usual no playbook do banco, conhecido por incorporar as empresas que compra e colocar seus executivos no comando. Foi assim com a corretora Ágora, em 2008, então a segunda maior corretora do País.

Paris diz que as coisas mudaram. “Hoje a Ágora atua com mais independência do que alguns anos atrás.” 

A nova gestora terá um conselho de administração com representantes do Bradesco e Votorantim, mas não está decidido quem irá liderar o dia a dia da operação.

A JV precisa de aprovações legais e regulatórias do Banco Central, CVM e CADE. O Bradesco espera que essas aprovações aconteçam ainda este ano.